sábado, 19 de janeiro de 2013

Portugal: Bancos lucraram 15 mil milhões com dívida pública em 2012 19/-1/2013

Esquerda.Net

Os cinco maiores bancos portugueses detêm mais de metade da dívida pública colocada no sistema financeiro nacional. No ano passado, os títulos valorizaram 60%, proporcionando mais-valias potenciais de 15 mil milhões nos balanços destas instituições. Em todo o mundo, só a dívida grega deu mais dinheiro a ganhar à finança do que a portuguesa.
Foto Paulete Matos.
As contas são do Diário Económico, que acrescenta que a larga maioria destes estes títulos se encontram na carteira de "ativos disponíveis para venda", o que resultará na valorização dos capitais próprios nas contas de 2012. Um especialista consultado pelo jornal acredita que "tal como já aconteceu nas contas do terceiro trimestre", muitas instituições optem por vender parte da carteira, "realizando assim lucros ou de forma a suportarem imparidades de crédito", utilizando o restante para reforçarem os capitais próprios.
No fim de 2011, segundo o Banco de Portugal, as instituições financeiras portuguesas detinham 22,6 mil milhões em Obrigações do Tesouro português. Os bancos aproveitaram para reforçar a carteira com os empréstimos a médio e longo prazo do Banco Central Europeu, comprando mais 4 a 5 milhões de euros de dívida portuguesa no primeiro semestre, período em que os títulos valorizaram 32%.
As mais-valias registadas pela banca nacional poderão a qualquer momento ser contabilizadas como lucro, na altura em que decidirem vender os títulos ou alocarem-nos à carteira de "trading" dos bancos, acrescenta o Diário Económico. Mas numa altura em que os bancos procuram reforçar os capitais próprios para cumprir os rácios de solvabilidade impostos pelo BCE, não é de esperar que se desfaçam deles tão cedo, preferindo refletir a sua valorização nesse reforço.
A Caixa Geral de Depósitos é a maior detentora de dívida pública, com 8,1 mil milhões em Bilhetes e Obrigações do Tesouro português. Seguem-se BES (6,3 mil milhões), BPI e BCP (4,6 mil milhões cada) e Santander Totta (2,75 mil milhões). Os cinco maiores bancos totalizam 56% do total da dívida pertencente ao sistema financeiro nacional.  
Ao contrário da intenção anunciada do Banco Central Europeu, que emprestou dinheiro a juro baixo a três anos no início de 2012, os bancos não o usaram para conceder crédito às empresas e às famílias e assim impulsionar a atividade económica. Preferiram antes comprar dívida pública para limpar os seus balanços e conseguirem cumprir as metas fixadas pelo regulador bancário europeu para aliviar o sistema financeiro.

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