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Os cinco maiores bancos portugueses detêm mais de
metade da dívida pública colocada no sistema financeiro nacional. No
ano passado, os títulos valorizaram 60%, proporcionando mais-valias
potenciais de 15 mil milhões nos balanços destas instituições. Em todo o
mundo, só a dívida grega deu mais dinheiro a ganhar à finança do que a
portuguesa.

Foto Paulete Matos.
No fim de 2011, segundo o Banco de Portugal, as instituições financeiras portuguesas detinham 22,6 mil milhões em Obrigações do Tesouro português. Os bancos aproveitaram para reforçar a carteira com os empréstimos a médio e longo prazo do Banco Central Europeu, comprando mais 4 a 5 milhões de euros de dívida portuguesa no primeiro semestre, período em que os títulos valorizaram 32%.
As mais-valias registadas pela banca nacional poderão a qualquer momento ser contabilizadas como lucro, na altura em que decidirem vender os títulos ou alocarem-nos à carteira de "trading" dos bancos, acrescenta o Diário Económico. Mas numa altura em que os bancos procuram reforçar os capitais próprios para cumprir os rácios de solvabilidade impostos pelo BCE, não é de esperar que se desfaçam deles tão cedo, preferindo refletir a sua valorização nesse reforço.
A Caixa Geral de Depósitos é a maior detentora de dívida pública, com 8,1 mil milhões em Bilhetes e Obrigações do Tesouro português. Seguem-se BES (6,3 mil milhões), BPI e BCP (4,6 mil milhões cada) e Santander Totta (2,75 mil milhões). Os cinco maiores bancos totalizam 56% do total da dívida pertencente ao sistema financeiro nacional.
Ao contrário da intenção anunciada do Banco Central Europeu, que emprestou dinheiro a juro baixo a três anos no início de 2012, os bancos não o usaram para conceder crédito às empresas e às famílias e assim impulsionar a atividade económica. Preferiram antes comprar dívida pública para limpar os seus balanços e conseguirem cumprir as metas fixadas pelo regulador bancário europeu para aliviar o sistema financeiro.
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