Por Nick Tattersall e Ayla Jean Yackley
ISTAMBUL, Turquia, 11 Jun
(Reuters) - A polícia antichoque da Turquia voltou a usar gás
lacrimogêneo e canhões de água na noite desta terça-feira na tentativa
de tomar o controle da Praça Taksim em Istambul, onde manifestantes
desafiam o primeiro-ministro Tayyip Erdogan, que exige que eles deixem o
local e encerrem 10 dias de protestos.
Polícia lançou gás lacrimogêneo contra uma multidão de milhares
de pessoas em roupas de trabalho e jovens com máscaras, que haviam
combatido durante todo o dia, dispersando brevemente o grupo em ruas
laterais e hotéis das proximidades.
Manifestantes, que acusam Erdogan de extrapolar seus poderes
depois de 10 anos no comando e três vitórias eleitorais, haviam
confrontado a polícia durante o dia, batendo tambores e exigindo a
renúncia do primeiro-ministro do país, Tayyip Erdogan. Eles atiraram
pedras contra os veículos que disparavam água e ambulâncias foram
posteriormente vistas entrando e saindo da praça.
Mais cedo, Erdogan pediu que os manifestantes deixassem a praça.
Em uma indicação do impacto dos protestos sobre a confiança dos
investidores, o banco central da Turquia disse que irá intervir, se
necessário, para dar suporte à moeda local, a lira turca.
Erdogan, que nega as acusações de comportamento autoritário, declarou que não irá ceder.
"Eles dizem que o primeiro-ministro é duro. Então, o que ia
acontecer aqui? Íamos nos ajoelhar na frente delas (pessoas)?", disse
Erdogan enquanto a ação para esvaziar a praça começava.
"Se vocês chamam isso de severidade, me desculpem, mas esse
Tayyip Erdogan não vai mudar", disse ele em uma reunião de parlamentares
de seu partido AK.
Aliados ocidentais têm expressado preocupação com os problemas
no país, um importante aliado da Organização do Tratado do Atlântico
Norte (Otan) que faz fronteira com Síria, Irã e Iraque.
Os Estados Unidos têm a Turquia de Erdogan como um exemplo de
uma democracia islâmica que poderia ser imitada em outras partes do
Oriente Médio.
A polícia, apoiada por veículos blindados, se mobilizou
inesperadamente logo após o amanhecer na praça Taksim, local de um
protesto inicial contra os planos do governo de revitalizar o parque
Gezi, que fica ao lado da praça. A repressão policial estimulou
manifestações em todo o país.
Vencedor em três eleições consecutivas, Erdogan disse que os
protestos são planejados por vândalos, elementos terroristas e forças
estrangeiras não identificadas. Seus críticos, que dizem que elementos
religiosos conservadores ganharam espaço sobre centristas em seu partido
AK, o acusam de inflamar a crise com um discurso inflexível.
"Um ataque abrangente contra a Turquia tem sido realizado", disse Erdogan.
"O aumento das taxas de juros, a queda nos mercados de ações, a
deterioração do ambiente de investimento, a intimidação dos
investidores --os esforços para distorcer a imagem da Turquia têm sido
postos em prática como um projeto sistemático", disse ele.
A agitação afetou a confiança do investidor em um país que tem
crescido sob a gestão de Erdogan. A lira, que já sofre com a turbulência
generalizada do mercado, caiu para seu nível mais baixo contra a uma
cesta de moedas desde outubro de 2011.
A ação da polícia ocorreu um dia depois de Erdogan concordar em
se reunir com líderes do protesto envolvidos nas manifestações iniciais
sobre a revitalização do parque Gezi.
(Reportagem adicional de Daren Butler, Ece Toksabay e Humeyra Pamuk)
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