"China é três vezes mais importante para o Brasil do que os EUA" 23.08.11     

Mais  do que o crescimento da economia americana ou a perenidade da zona do  euro, o que realmente importa para a economia brasileira é o que  acontece na China.A conclusão é do diretor-executivo e chefe de  pesquisas para a América Latina do Nomura Securities, Tony Volpon, com  base na matriz de correlação entre as economias dos países, que mostra  quanto o crescimento de uma mexe com a da outra.Segundo Volpon, a matriz  de correlação mostra que o crescimento da China é quase três vezes mais  importante para o Brasil do que o desempenho da economia americana.O  exercício também mostrou que o crescimento da Alemanha (boa medida para o  crescimento da zona do euro) não tem relação estatística significativa  com o Brasil, uma vez que China e EUA estão no modelo.Segundo Volpon, as  razões para essa relação não são difíceis de encontrar. A China é o  maior parceiro comercial do Brasil, respondendo por 18% das exportações e  16% das importações.A relação comercial, porém, é apenas uma parte do  peso na balança. O especialista lembra  que a China é quem "determina" o preço das matérias-primas, o que  aumenta o peso do país asiático na economia brasileira, uma vez que  commodities respondem por 70% das exportações do Brasil.Volpon lembra  que o elevado preço das commodities nos últimos anos, reflexo da demanda  da China, deu força aos termos de troca da economia brasileira,  promoveu uma apreciação do real e representa grande parte do impulso de  renda que vem sustentando essa forte demanda doméstica."Acreditamos que a  muito alardeada ?nova classe média' brasileira é um resultado direto da  demanda chinesa por commodities", resume Volpon.Os economistas do  Nomura seguem otimistas com as perspectivas para a economia chinesa  apesar dessa instabilidade externa. Eles trabalham com uma continuidade  do processo de "industrialização interior" (novas áreas industriais em  lugares de menor custo dentro do próprio país), com a construção de  novas moradias pela iniciativa pública e novos projetos  de investimentos. Com isso, esperam crescimento de 9,5% em 2011 e 8,6%  em 2012, previsões que já colocam na conta os recentes movimentos de  mercado.Como em 2008, lembra Volpon, o Brasil pode sofrer com uma parada  súbita no fluxo de capital, com uma ruptura do mercado de crédito ou  crise bancária. De fato, não há economia imune a isso.No entanto, se  tais cenários forem evitados, Volpon espera que o crescimento da  economia brasileira fique pouco abaixo do potencial, estimado em 4% ao  ano. A previsão do Nomura é de que o Produto Interno Bruto (PIB) cresca  3,6% tanto em 2011 quanto em 2012."E isso vai limitar o escopo para  cortes de juros se o Banco Central se manter fiel ao objetivo de atuar  visando levar a inflação para o centro da meta de 4,5% em 2012", conclui  o especialista. 
 
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