ELIDA OLIVEIRA
DE RIBEIRÃO PRETO
As filas de caminhões carregados com laranja têm se tornado comuns nas indústrias de processamento de suco do interior paulista. DE RIBEIRÃO PRETO
As esperas, que antes eram de algumas horas, agora duram até dois dias. O motivo: como tem muita fruta disponível, as fábricas não dão conta de processar a laranja.
A safra recorde deste ano, que deverá ser cerca de 27% maior que a anterior, não está tendo vazão nas indústrias.
Com isso, ou as frutas nem são colhidas, porque os caminhões estão presos nas filas, ou passam do ponto e desidratam nos veículos, perdendo peso.
A espera nas fábricas faz com que os produtores ganhem menos e gastem mais.
Eles perdem justamente porque o fruto já colhido desidrata -os produtores são pagos por peso da carga.
Gastam mais ao pagar a diária de trabalhadores rurais que não colhem a laranja porque o caminhão está parado na indústria -e aí, o melhor é deixar a fruta no pé.
"A produção deste ano foi alta e as firmas não estão conseguindo encaixar [os produtores na fila]. Vamos perder laranja", disse Miguel Bernardi, produtor de Mogi Mirim (151 km de São Paulo).
Segundo o diretor da Faesp (Federação da Agricultura do Estado de São Paulo), Marco Antônio dos Santos, há espera em quase todas as empresas, como Cutrale, Citrosuco, Citrovita e Louis Dreyfus.
"Não é uma safra normal e há o percalço no descarregamento", disse, referindo-se à alta quantidade de frutos.
Na Citrovita, em Matão (305 km de São Paulo), cerca de 50 caminhões esperavam a vez de descarregar em um pátio perto da indústria, na última segunda-feira.
Marcia Ribeiro/Folhapress | ||
Caminhões carregados de laranja no pátio da Citrovita em Matão (SP) |
Esta é a maior safra de laranja dos últimos 15 anos. A expectativa é colher 400 milhões de caixas (no ano passado, 315 milhões).
24 HORAS POR DIA
Christian Lohbauer, presidente da CitrusBR (Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos), disse que as fábricas trabalham 24 horas por dia, sete dias por semana, para atender a demanda de processamento.
"É um ano sui generis, todo mundo está processando o que dá. Mas há um gargalo de input [na entrada] e todos querem levar a fruta no ponto, ao mesmo tempo", disse.
Com a oferta elevada de laranja, os produtores estão recebendo menos pela caixa da fruta em relação ao ano passado, segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Esalq/USP.
A média de preços neste mês está em torno de R$ 10 a caixa (R$ 20 em 2010), sem custos da colheita e frete.
Colaborou LEANDRO MARTINS
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