quinta-feira, 26 de julho de 2012

Setor de locação de máquinas aquecido 26.07.2012


Copa do Mundo e empreendimentos no Porto do Pecém-CE tornam o Estado atrativo para o segmento
Acompanhando o aquecimento da construção civil, impulsionado pelo aumento do número de obras de infraestrutura voltadas à Copa de 2014 no Brasil e pela implantação de empreendimentos estruturantes no Complexo Industrial e Portuário do Pecém (Cipp), o mercado de locação de equipamentos e máquinas pesadas cresceu aproximadamente 150% no Ceará nos últimos cinco anos, segundo o Sindicato das Empresas Locadoras de Equipamentos, Máquinas e Ferramentas (Sindileq-CE).
Itens mais locados são ferramentas elétricas, andaimes e betoneiras Foto: Kiko Silva
Dados da Associação Brasileira de Tecnologia para Equipamentos e Manutenção (Sobratema) ratificam o amplo potencial desse mercado. Estimativas da entidade indicam que cerca de 30% do total de máquinas vendidas no País se destinam ao setor de locação, que vem ampliando investimentos em tecnologia para atender à demanda de um mercado cada vez mais exigente e competitivo.
De acordo com o presidente do Sindileq-CE, Roberto Faria, a perspectiva é tão promissora que, além das empresas locais que já atuam no mercado cearense de locação de máquinas e equipamentos, outras locadoras do eixo Sul e Sudeste do País estão sendo atraídas para o Estado. “Estamos na linha de frente no mercado de locação”, comemora Faria, que enumera os motivos para tal cenário.
Demanda
“A implantação da siderúrgica deu força ao crescimento desse mercado em nosso Estado. Associado a isso, há a demanda da estrutura que está sendo feita para a Copa do Mundo, com a construção de viadutos, vias de acesso, etc. Há dinheiro do governo sendo investido nisso. Acreditamos que essa seja razão de muitas empresas do Sul e Sudeste estarem chegando ao Ceará, como a Baran, que está se associando à Coopercon (Cooperativa da Construção Civil do Ceará) e criando a Cooperloc para disponibilizar um número assustador de equipamentos para alocar”, exemplifica.
Espaço para todos
Segundo o presidente do Sindileq-CE, existem muitas outras empresas chegando a esse disputado mercado. Apesar do aumento da concorrência, ele garante que há espaço para todos.
“Somente entre os dois a três últimos meses vinte e cinco empresas ingressaram no ramo de locação no Ceará. Se o mercado não fosse tão promissor, elas não estariam entrando nesse mercado”, reforça.
Faria afirma que a projeção é continuar a crescer. “O Sindileq-CE tem registro hoje de 100 empresas do ramo no Estado, mas acredito existem bem mais, sem falar naquelas que estão locando mas exercem outra atividade fim”. É o caso do Grupo Orguel – líder na fabricação, venda e locação de máquinas e equipamentos para construção, indústria e mineração, no qual o executivo trabalha.
Produtos
Conforme a Associação Brasileira de Empresas Locadoras de Bens Móveis para Construção Civil (ALEC), os dez produtos mais locados no País são ferramentas elétricas, andaimes, betoneiras, compactadores, compressores de ar, cortadoras de piso, bombas, geradores, escora/formas e máquinas para acabamento de pisos de concreto. Ainda segundo a Associação, quem responde pela maior fatia do mercado nacional de locação de máquinas e equipamentos são as pequenas e médias empresas. Dentre o total de locadoras filiadas à ALEC, 50% são pequenas, 30% são médias e apenas 20% são de grandes empresas.
Estratégia
Para o setor da construção civil, o mercado de locação só tende a crescer, principalmente porque a terceirização proporciona maior competitividade às empresas construtoras.
“Estamos falando de equipamentos cujos preços muito altos. São equipamentos pesados como andaimes, escoramentos, cremalheiras, elevador de cabo, etc. Todos são itens caros e de utilização pequena”, observa o presidente do Sindicato das Indústrias da Construção Civil do Ceará (Sinduscon-CE), Roberto Sérgio Ferreira.
Segundo ele, embora os valores de locação desses produtos sejam elevados, é mais compensador para as empresas da construção civil terceirizar a aquisição de máquinas e equipamentos. “Se investe muito para adquirir uma máquina dessas e fica capitalizado em demasia. Quanto ao custo (dos alugueis), com a entrada Coopercon nesse mercado, os preços tendem a melhorar. Quanto mais concorrente melhor”, observa.
SALTO
150% foi o crescimento registrado no mercado de locação de equipamentos e máquinas pesadas no Estado nos últimos cinco anos, de acordo com o Sindileq-CE
Tecnologia ajuda no avanço da lucratividade
Empresa especializada no desenvolvimento de um sistema de gestão para locadoras de equipamentos, a SISLOC Softwares já sente os reflexos do aquecimento do mercado de locação. O volume de negócios fechados pela empresa no primeiro trimestre de 2012 é 50% maior ao contabilizado no mesmo período de 2011, enquanto a média de crescimento gira em torno de 20%.
Segmento de locação de equipamentos, assim como o da construção civil, tem dificuldade de treinar, formar e contratar pessoas FOTO: KIKO SILVA
“As locadoras já entenderam que é preciso se atualizar tecnologicamente para conseguir atender toda a demanda sem perder espaço para o concorrente. No caso do Sisloc, o sistema permite a gestão do imobilizado (patrimônio), o faturamento de contratos e a emissão de notas fiscais eletrônicas (NF-e e NFS-e), SPED (PIS e COFINS) e, ainda, o uso de ferramentas com funcionalidades em dispositivos móveis – celulares e tablets, bem como WebService, que permite integração com outros ERP”, aponta o diretor de mercado da SISLOC Softwares, Leônidas Ferreira Júnior.
Terceirização
Em relação às vantagens proporcionadas pela terceirização do serviço, ele compartilha da mesma opinião do presidente do Sinduscon-CE. “Não vale mais a pena ter uma máquina (aquisição) na empresa, seja de pequeno ou grande porte, se ela será utilizada apenas em determinadas obras em períodos esporádicos, por exemplo. Além disso, a manutenção do imobilizado, a capacitação de funcionários, a compra de peças e a estocagem exigem altos investimentos. Por consequência, a locação torna-se mais vantajosa”, avalia.
Nordeste
Embora afirme que o mercado brasileiro de locação está aquecido no geral, Leônidas Ferreira garante que o Nordeste é o mercado mais aquecido. Segundo ele, os estados mais crescentes na Região são Ceará e Pernambuco, seguidos da Paraíba. No Norte, ele diz que o mercado mais promissor é o Pará. “Os dois estados que mais crescemos (a SISLOC Softwares) percentualmente em número de clientes foram Ceará e Pernambuco. Igualitariamente eles registraram um incremento de até 30% a mais de clientes face a igual período do ano anterior.
Para 2012, ele prever crescer 50% em comparação com o ano passado. “Temos perspectivas de obras até 2020 no Estado”, projeta. “Nosso maior cliente do CE é Magna Locações. Esse cliente é do próprio estado e tem filiais fora. Ele aluga contêineres, que faz a parte do armazenamento de materiais. São os primeiros a entrar e os últimos a sair de uma obra, consequentemente têm maior faturamento”, exemplifica o executivo.
Com o mercado de locação carente de mão de obra qualificada, a SISLOC pretende investir também no ensino a distância. “Este mercado tem dificuldade de treinar, formar e contratar pessoas. Com base nesse cenário, lançamos uma universidade corporativa em janeiro para ajudar a formação de clientes, além do nosso corpo técnico”. O ensino a distância se propõe a diminuir o custo logístico na etapa de treinamento. (AC)
ÂNGELA CAVALCANTE
REPÓRTER

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