domingo, 22 de julho de 2012

US$ 520 bi de brasileiros estão em paraísos fiscais 22/07/2012

Foto: Edição/247

Estudo inédito aponta que o Brasil é a quarta fonte de dinheiro sujo no mundo; recursos vêm da corrupção, do tráfico de drogas e do caixa 2 das empresas; nesta semana, foi revelada a conta de Paulo Maluf nas Ilhas Jersey

22 de Julho de 2012 às 15:35
247 – Na semana em que a defesa do ex-prefeito Paulo Maluf admitiu, pela primeira vez, que ele mantém recursos nas Ilhas Jersey, um paraíso fiscal, foi concluído um estudo inédito sobre o volume de recursos mantidos em países como as Ilhas Jersey, as Ilhas Cayman ou as Ilhas Virgens Britânicas. Com US$ 520 bilhões escondidos nesses refúgios, o Brasil é a quarta fonte do dinheiro sujo no mundo. Ao todo, a riqueza não declarada soma mais de US$ 9 trilhões – quase um PIB dos Estados Unidos. Leia, abaixo, o noticiário da BBC:
Da BBC Brasil
Brasília – Um estudo inédito, que, pela primeira vez, chegou a valores depositados nas chamadas contasoffshore sobre as quais as autoridades tributárias dos países não têm como cobrar impostos, mostra que os super-ricos brasileiros somaram até 2010 cerca de US$ 520 bilhões (ou mais de R$ 1 trilhão) em paraísos fiscais. Trata-se da quarta maior quantia do mundo depositada nesta modalidade de conta bancária.
O documento The Price of Offshore Revisited, escrito por James Henry, ex-economista-chefe da consultoria McKinsey, e encomendado pela Tax Justice Network, cruzou dados do Banco de Compensações Internacionais, do Fundo Monetário Internacional, do Banco Mundial e de governos nacionais para chegar a valores considerados pelo autor.
O relatório destaca o impacto sobre as economias dos 139 países mais desenvolvidos da movimentação de dinheiro enviado a paraísos fiscais. Henry estima que, desde os anos 1970 até 2010, os cidadãos mais ricos desses 139 países aumentaram de US$ $ 7,3 trilhões para US$ 9,3 trilhões a "riqueza offshore não registrada" para fins de tributação.
A riqueza privada offshore representa "um enorme buraco negro na economia mundial", disse o autor do estudo. Na América Latina, chama a atenção o fato de, além do Brasil, países como o México, a Argentina e Venezuela aparecerem entre os 20 que mais enviaram recusos a paraísos fiscais.
John Christensen, diretor da Tax Justice Network, organização que combate os paraísos fiscais e que encomendou o estudo, afirmou à BBC Brasil que países exportadores de riquezas minerais seguem um padrão. Segundo ele, elites locais vêm sendo abordadas há décadas por bancos, principalmente norte-americanos, para enviarem seus recursos ao exterior. "Instituições como Bank of America, Goldman Sachs, JP Morgan e Citibank vêm oferecendo este serviço. Como o governo americano não compartilha informações tributárias, fica muito difícil para estes países chegar aos donos destas contas e taxar os recursos", afirma.
Segundo o diretor da Tax Justice Network, além dos acionistas de empresas dos setores exportadores de minerais (mineração e petróleo), os segmentos farmacêutico, de comunicações e de transportes estão entre os que mais remetem recursos para paraísos fiscais. "As elites fazem muito barulho sobre os impostos cobrados delas, mas não gostam de pagar impostos", observa Christensen. "No caso do Brasil, quando vejo os ricos brasileiros reclamando de impostos, só posso crer que estejam blefando. Porque eles remetem dinheiro para paraísos fiscais há muito tempo".
Chistensen diz ainda que no caso do México, da Venezuela e Argentina, tratados bilaterais como o Nafta (tratado de livre comércio EUA-México) e a ação dos bancos americanos fizeram os valores escondidos no exterior subirem vertiginosamente desde os anos 70, embora "este seja um fenômeno de mais de meio século". O diretor da Tax Justice Network destaca que há enormes recursos de países africanos em contas offshore.

Brasil 247

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