Embrapii dá os primeiros passos com o IPT
Núcleo de Bionanotecnologia do IPT e Embrapii começam a apoiar projetos
Por Bruno de Pierro, no Brasilianas.org
Na última segunda-feira (16), o Instituto de Pesquisas
Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT) inaugurou oficialmente seu
Núcleo de Bionanomanufatura, na Universidade de São Paulo (USP), durante
evento que reuniu 150 pessoas, entre representantes da indústria e
pesquisadores. O investimento da nova unidade de pesquisa avançada foi
de R$ 80 milhões, sendo R$ 50 mi do Governo do Estado de São Paulo, para
infraestrutura e equipamentos, e R$ 30 mi do Ministério da Ciência,
Tecnologia e Inovação (MCTI), para custeio dos projetos que serão
contratados pela Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial
(Embrapii).
Firmada em 2011, numa parceria entre a Confederação Nacional da
Indústria (CNI), o MCTI e a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep),
a Embrapii tem o objetivo de fomentar projetos de cooperação entre
empresas nacionais e instituições de pesquisa e desenvolvimento para a
geração de produtos e processos inovadores. Na primeira etapa, foi
estabelecida uma ação piloto com o IPT, o Centro Integrado de Manufatura
e Tecnologia do SENAI e o Instituto Nacional de Tecnologia (INT).
O IPT será responsável pelas áreas de
bionanotecnologia, nanotecnologia, microtecnologia e metrologia de
ultraprecisão. O SENAI cuidará de automação e manufatura, e o INT
participa nos setores de energia e saúde. O projeto-piloto terá duração
de 18 meses e investimentos de R$ 90 milhões.
Durante
uma pausa para o almoço, antes do evento ser retomado, o diretor
presidente do IPT, João Fernando Gomes de Oliveira, falou ao Brasilianas.org sobre
como a parceria IPT-Embrapii poderá ajudar no processo de inovação das
empresas e quais as perspectivas da nanotecnologia diante dos problemas
enfrentados pela indústria brasileira. Confira.
Brasilianas.org - Como se deu essa articulação do IPT com a Embrapii?
João Fernando Gomes de Oliveira - A
iniciativa da Embrapii surgiu do MCTI, no sentido de ter uma estrutura
de fomento que pudesse pegar ideias e ajudasse a financiar a adequação
de ideias para produtos e processos, como funciona o [Instituto]
Fraunhofer, na Alemanha, [que possui centros de inovação e desenvolveu
metodologia para avaliação dos processos inovativos]. O MCTI montou um
grupo de trabalho para a organização. No meio do caminho surgiu a ideia
de fazer um piloto. Sempre que você faz uma pesquisa, para implementar
na prática, você faz um teste. Ao invés de inventar um modelo que pode
não dar certo, fizemos um piloto. Pegamos instituições, no Brasil, que
estão acostumadas a lidar com empresas, por exemplo o IPT e o INT, no
Rio de Janeiro. E começamos a olhar para vários modelos organizacionais,
de gorvernaça e de estrutura jurídica - o INT é uma autarquia Estadual,
o IPT é de capital misto com o Estado de São Paulo, e o SENAI, de
serviço social autônomo.
Instituições híbridas, que são acadêmicas e diretamente voltadas para o mercado.
Sim,
centros de pesquisa que lidam com a indústria. Porque o problema de
você criar um modelo novo é que a figura jurídica pode influenciar nesse
modelo. Então, eu tenho uma empresa, que é o IPT, eu tenho uma
autarquia, tenho um serviço autônomo. Nesse processo, o próprio
ministério selecionou esses três, e fico feliz de participar desse
piloto. E a ideia foi trabalhar, durante oito meses, com esse piloto, e
as regras são: primeiro, precisa ter um pedaço da universidade, não o
todo. Aqui no IPT, estávamos começando a fazer um grande investimento em
nanotecnologia, com o novo laboratório, e essa possibilidade de ter um
aporte federal; aí a proposta foi que a nossa iniciativa, com a
Embrapii, fosse em bionanotecnologia.
O governo
federal está dedicado a apoiar a indústria brasileira, que passa por
processo de desindustrialização crescente. São diversas medidas que tem
sido lançadas, dentro do programa Brasil Maior. Ainda assim, nos últimos
meses, mesmo com medidas relacionadas a IPI, juros e crédito, a
indústria não registrou crescimento. Com essas iniciativas da Embrapii,
em alta tecnologia, não estamos falando de um mundo ainda um pouco
distante da realidade da indústria brasileira?
A
gente acredita que esse tipo de iniciativa é um pouco imune [aos
problemas da indústria]. Se estivessemos montando um grande centro de
eletrônica, iriamos arrebentar, sim. Mas dentro da nossa estratégia,
consideramos investimentos em P&D e inovação em áreas que tem
perspectiva de sucesso no Brasil. Não é a indústria brasileira que está
se arrebentando, mas sim aqueles setores que, ao competir com o preço
chinês, eles se arrebentam, porque você não consegue estabelecer uma
margem com a nossa carga tributária e todos os problemas que temos do
Custo Brasil diante de um preço menor que o seu. Mas esse nosso setor é
altamente tecnológico e inovador, ninguém está usando.
Mas para investir em nanotecnologia o Brasil ainda depende de muita tecnologia externa?
Nano
é uma área que está começando. Então, construção civil com nano,
indústria do petróleo com nano, pode-se potencializar esses setores, que
já são fortes aqui. Então, nanotecnologia, especialmente eletrônica, dá
para pegar desde o concreto, na construção civil, até proteção de duto
de petróleo, até indústria química fina. E indústria química, no Brasil,
não vai mal; indústria do petróleo não vai mal; construção civil vai
bem. Em paralelo eu crio uma competência para a indústria
eletroeletrônica, é como se fosse uma área que cruza tudo isso. É como
uma automação, que é um negócio que se aplica em tudo, não é
especificamente um setor.
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