O livro Antissemitismo — a intolerável chantagem. Israel-Palestina, um ‘affaire’ francês?, escrito a várias mãos por intelectuais judeus franceses, mostra as injustas acusações contra a mídia, especialmente a francesa, em relação à questão judaica e a manutenção do Estado de Israel e a estratégia de intimidação contra os que divergem publicamente acerca do sionismo – os judeus divergentes são rotulados maldosamente de “maus judeus”. O livro faz alerta para a confusão feita em relação à questão dos judeus e a do sionismo – criação do Estado de Israel. Ou seja, nem todo judeu é sionista, bem como se propõe a esclarecer a causa do aumento do antissemitismo e a tentativa velada de setores da mídia de rotular de antissemita, antissionista, negacionista e/ou racista quem critica o sionismo – o rótulo da moda é “judeofobia”.
A partir de 2001, foi notado na França o aumento do antissemitismo e os jornais estamparam em manchetes o tema. O alarmismo acerca da nova onda de antissemitismo levou o jornal Libération de 2 de abril de 2002, numa entrevista, a compará-lo a uma “nova Noite de Cristal” – em referência aos dias 9 e 10 de novembro de 1938 dos pogroms nazistas que pilharam as lojas judaicas na Alemanha. Outros jornais entraram no debate: “Antissemitismo: o que não se ousa dizer”, Le Nouvel Observateur, 6 de fevereiro de 2003; “Antissemitismo faz estragos!”, Marianne, 7 de abril de 2003; “O quadro negro do antissemitismo”, L’ Express, 10 de abril de 2003; “Antissemitismo, um mal francês?”, L’ Express, 17 de abril de 2003, entre outros tantos.
No Brasil, a mídia prefere silêncio
O livro em epígrafe auxilia na compreensão de como a boa mídia, no caso concreto, o jornal francês Le Monde, pode e foi injustamente acusado de ir contra Israel por conta de uma frase pinçada de um artigo de opinião que nada tem a ver com a linha editorial do jornal; outro caso foi o Libération que, equivocadamente, publicou uma legenda numa foto, mas que em seguida pediu desculpas pelo erro – porém, mesmo assim, foi tachado maldosamente de “diabolizar” Israel.
Os intelectuais autores do livro mostraram para o mundo que o sionismo está longe de ser unanimidade entre os judeus e, com denodo, denunciaram a perseguição que sofrem os críticos da manutenção do Estado de Israel e do conflito com os palestinos. A liberdade de expressão é colocada em segundo plano quando o tema é a questão judaica, pois quem falar, dependendo do país, é “intimidado”, como se o tema fosse um tabu…
No Brasil, a mídia parece preferir o silêncio a entrar no debate da questão judaica, do Estado de Israel e o conflito com os palestinos, como se o tema não dissesse respeito a toda a civilização…
[Luís Olímpio Ferraz Melo é advogado e psicanalista, Fortaleza, CE]
Nenhum comentário:
Postar um comentário