Petros Panayotídis, no Monitor Mercantil
Atenas - Todos os bancos internacionais, comerciais e de investimentos, assim como todas agências internacionais de rating já têm elaborado relatórios com os motivos e as avaliações das consequências, e até instruções de uso e proteção das empresas contra o risco do retorno da Grécia à dracma. E embora, o cenário do retorno não tem neste momento a maior possibilidade, contudo, destaca-se que já constitui eventualidade que, aliás, poderá encontrar-se bastante perto.
O Deutsche Bank considera que a impossibilidade de formar governo após as eleições de 17 de junho ou um governo "anti-acordo" poderiam ter levado a Grécia para fora do euro durante este verão. Menor possibilidade de retorno da Grécia à dracma tem o cenário de formação de um governo "filo-acordo" (o atual),embora este não seja forte.
Para a agência internacional de rating Standard & Poor"s, as possibilidades de saída da Grécia do euro são cerca de 30% e, relacionam-se, principalmente, com a eventualidade de falência.
Ambos, Deutsche Bank e Standard & Poor"s, em seus volumosos relatórios, descrevem as consequências decorrentes de uma provável saída, os motivos que poderão acelerar o retorno à dracma, assim como as possibilidades de proteção que têm os investidores diante de uma eventualidade assim. Ambos os relatórios fornecem respostas específicas em perguntas críticas:
- O que poderá levar a Grécia fora do euro?
Primeiro, um novo resultado eleitoral, o qual, não resultará em esquema governamental capaz de enfrentar a crítica situação.
Segundo, o Mecanismo Europeu de Apoio (ESM) não aprovar a segunda parcela das garantias para ser concluída a recapitalização dos bancos gregos.
Terceiro, o Banco Central Europeu - por diversas razões - cessar de financiar os bancos gregos.
Quarto, continuação e fortalecimento do refluxo de depósitos pelos bancos gregos e, simultânea interrupção de apoio pelo Banco Central Europeu.
Quinto, escalada de instabilidade social e política que resultará em não recolhimento de tributos, pânico de depositantes e, outros.
- Como ocorrerá a "derrocada" e, finalmente, a saída do euro?
Tudo começará a partir do momento em que o Estado ficará sem recursos cash e não poderá mais financiar seus déficits. A nota do ex-primeiro-ministro Lucas Papademos fixava prazo até 20 de junho, enquanto, com "interrupção dos pagamentos", talvez, os fundos das reservas tenham sido suficientes até final de julho.
A partir do momento que o governo conscientizar-se de que não existe outra forma de financiamento, então o caminho rumo à dracma é o seguinte:
A saída do euro e a adoção de nova moeda exigirá a criação e votação de novas leis de ampla escala. Assim, convoca-se o Parlamento para legislar dentro de um fim-de-semana apenas.
A movimentação de capitais é submetida a controle severo, tanto fora da Grécia, quanto os recebimentos por depósitos bancários.
Provável uso de documentos, os quais, o estado dará aos trabalhadores e aposentados e, com os quais, se comprometerá pagá-los quando tiver a possibilidade.
A Grécia será obrigada a "falir" em sua dívida que não está sujeita ao Direito grego.
Eventual derrocada do sistema bancário. Importância crítica será se a União Européia e o Banco Central Europeu decidirem apoiar o sistema bancário grego para minimizar os prejuízos.
Reconstituição do papel do Banco Central da Grécia, conforme era na época antes do constituição do Banco Central Europeu.
Impressão da moeda nacional (dracma) e transformação dos ativos patrimoniais locais e das obrigações do Estado.
Repentina depreciação de valor da nova dracma 50%-70%, com perdas gerais.
Retirada de circulação de moeda e papel-moeda em euros, tornando-as sem valor.
Linhas de defesa
- Quais são as medidas do Banco Central Europeu e da União Européia, destinadas a evitar a transmissão da crise pelo retorno à dracma?
Inicialmente, espera-se ser fortalecido o Mecanismo Europeu de Apoio (ESM) com volume de liquidez totalizando um trilhão de euros. Este volume será suficiente para atender às necessidades da Espanha e da Itália por três anos. Simultaneamente, o Banco Central Europeu comprará bônus da Espanha e da Itália, enquanto espera-se que reduzirá as taxas de juros do euro. Também, o Banco Central Europeu aceitará bônus com avaliação de crédito inferior, a fim de serem utilizadas pelos bancos como garantias para contraírem empréstimos. Finalmente, apoiará o funcionamento e a liquidez do ESM.
Ainda, a União Européia atribuirá maior flexibilização ao mecanismo de apoio, o qual, será utilizado para a imediata recapitalização dos bancos.
Paralelamente, será liberado um pacote de ajuda extra a Portugal e Irlanda por motivos preventivos, enquanto, será prevista a Garantia Paneuropéia de Depósitos.
O último estágio será a emissão do eurobônus. A Zona do Euro com a estrutura atual não está preparada técnica, política e economicamente a tomar uma iniciativa assim. Consequentemente, é necessário tempo e, algum estágio intermediário. Por exemplo, antecessor do eurobônus é o LTRO, que apoiará os bancos.
Bancos
- Quais são os bancos considerados hoje os mais seguros, após a depreciação que sofrerão pela provável saída da Grécia do euro?
De acordo com a agência internacional de rating Standard & Poor"s, os bancos mais seguros são: Royal Bank of Scotland, HSBC, Deutsche Bank, JP Morgan, Credit Suisse, BNP Paribas, Credit Agricole, Societe Generale, UBS, Baclays, Goldman Sachs, MacQuarie, RBC, Morgan Stanley, Citigroup, Bank of America/Merrill Lynch e Nomura.
- Como serão apoiados os bancos (gregos) em caso de crise ou, ainda, na fase da saída da Grécia do euro?
O Banco Central Europeu ativará - pela terceira vez em sua história - o mecanismo LTRO (Long-Term Refinancing Operation). Trata-se de um mecanismo de financiamento emergencial de longo prazo. É algo como o mecanismo ELA (Emergency Liquidity Assistance) do Banco Central da Grécia, o qual é de curto prazo.
Desta forma, poderá ser enfrentado, também, o caso de saques maciços de depósitos até certo grau.
- Como poderá ser protegida uma empresa ou um investidor da eventual saída da Grécia do euro?
Transferência do risco cambial. Isto é, transferência dos capitais em outras moedas mais seguras.
Minimização de risco pela depreciação dos ativos patrimoniais ma nova moeda.
Gerenciamento dos disponíveis e sistemas de pagamentos.
Avaliação dos colaboradores e dos acionistas.
Revisão dos contratos e dos acordos com clientes e fornecedores.
Preparação para o caso em que os bancos "congelem" ou reduzem mais a concessão de empréstimos.
Linhas de defesa em caso de explosão das taxas de juros.
Moedas seguras
- Quais moedas são consideradas mais seguras?
O Deutsche Bank considera refúgio seguro a libra esterlina, a coroa sueca, o franco suíço e o dólar norte-americano.
- Como poderão ser reduzidas as perdas pela desvalorização das moedas?
Primeiro, redução de envividamento externo e endoempresarial às empresas subsidiárias com sede em países de risco.
Segundo, transferência de disponíveis para moedas e países mais seguros.
Terceiro, manutenção somente da necessária liquidez em base diária.
Quarto, reestruturação de empréstimos de subsidiárias e de portfólio.
Quinto, transformação das subsidiárias em filiais da matriz no exterior.
Sexto, evitar clientes, fornecedores e transações bancárias de e com países de risco.
Sétimo, abertura de contas bancárias no exterior
Oitavo, entrega de encomendas mediante pagamento adiantado.
Nono, preparação em nível técnico para operar com a nova moeda.
Décimo, acompanhamento online dos fundos disponíveis em todo o país (para grandes empresas e com rede extensa).
- O que significa reavaliação de colaboradores e acionistas?
Significa que, a até hoje colaboração - se continuar - deverá ser feita em nova base: reavaliação de capacidade de crédito, exigência de fianças - garantias, avaliação de liquidez do colaborador.
- Quais mudanças deverão existir no modelo de funcionamento de uma empresa?
Primeira, a contabilidade e todas as transações deverão ser realizadas - de um modo geral - pela matriz da empresa.
Segunda redução de depósitos em bancos de países de risco.
Terceira, revisão do sistema de pagamentos. Por exemplo, o pagamento de salários poderá ser feito através de banco do exterior.
Quarta, acréscimo de condição nos acordos para pagamento de fornecedor em moeda nacional.
Quinta, redução de credito a clientes de países de risco e acréscimo de condição para pagamento somente em euros.
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