Da Agência Brasil
Stênio Ribeiro
Repórter da Agência Brasil
Brasília – A indústria naval do mundo inteiro e os fabricantes de
equipamentos para o setor acompanham com interesse o mercado que mais
tem se desenvolvido nos últimos anos, tanto na construção de navios como
nas encomendas de sondas e plataformas para exploração marítima de
petróleo, na camada pré-sal. "Todo o empresariado e comércio marítimo
internacional estão de olho no Brasil, porque somos o mercado que mais
cresce", disse à Agência Brasil o presidente da Associação Brasileira
das Empresas de Construção Naval e Offshore (Abenav), Augusto Mendonça.
Segundo ele, “a construção naval do país está em franca expansão e
vai ajudar na recuperação da indústria em geral”. Como exemplo, citou
que na época áurea da indústria naval no país, na década de 1970, os
estaleiros empregavam 40 mil pessoas; atualmente, são 60 mil empregos
diretos e “vamos ultrapassar 100 mil dentro de três anos, no máximo”, em
razão, principalmente, da construção em andamento de mais sete
estaleiros.
A frota brasileira contabiliza 397 embarcações (navios de longo
curso, de cabotagem e de navegação interior), mas a Agência Nacional de
Transportes Aquaviários (Antaq) estima demanda para mil embarcações até
2020. Necessidade, portanto, de mais 600 embarcações, principalmente
para atender a exploração marítima de petróleo e gás. A demanda exige
investimentos de aproximadamente R$ 55 bilhões nos próximos cinco anos,
de acordo com estimativa do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e
Social (BNDES).
Os números da Antaq mostram que o Brasil tem hoje a quarta maior
frota do mundo e é o terceiro mercado em produção, já como resultado da
reativação possibilitada pela estabilidade financeira e pela decisão
política de recuperar a indústria naval. Setor que foi “duramente
sacrificado” nas décadas de 1980 e 1990 por causa de problemas políticos
e econômicos que determinaram, inclusive, o fim de uma das maiores
empresas mundiais de navegação, a centenária Lloyd Brasileiro, lembra o
oficial náutico da Vale do Rio Doce, Luiz Gustavo Cruz.
Hoje, porém, os tempos são outros, e os estaleiros voltaram à ativa
com mais investimentos e reativação da navegação de cabotagem
(costeira), durante anos relegada ao abandono. O cenário de agora mostra
que “a indústria naval está preparada para crescer, porque existe
mercado, temos incentivo governamental, apoio da Petrobras e
participação do sistema financeiro”, comemora Augusto Mendonça.
Na opinião dele, o Programa de Modernização e Expansão da Frota
(Promef), lançado em 2004 pela Transpetro, subsidiária da Petrobras, foi
o grande responsável pela revitalização da indústria naval brasileira, a
partir da encomenda de 49 embarcações a estaleiros nacionais, com
índice de nacionalização mínima de 65% e investimentos de R$ 10,8
bilhões até 2016. Cronograma reforçado há três meses, quando a Petrobras
anunciou investimentos de US$ 180 bilhões, até 2020, para construção de
105 plataformas de produção e sondas de perfuração, 542 barcos de apoio
e 139 petroleiros.
Esses são planos para garantir o futuro da indústria naval, mas o
setor já tem o que colher do Promef, posteriormente encampado pelo
Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). O Estaleiro Mauá, de
Niterói, já entregou os navios Celso Furtado e Sérgio Buarque de
Holanda, e o Estaleiro Atlântico Sul (EAS), de Pernambuco, lançou ao mar
o navio João Cândido, no final de maio último, com atraso de 20 meses
em relação ao prazo combinado. A Transpetro espera receber mais três
navios ainda este ano.
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