Quando a ciência se dá conta dos 1% que dirigem a economia.
Do blog "Resistências e Resiliências"
Fonte: Les Dernieres Nouvelles du Monde (via Imediata). Trad: Mario S. Mieli
Três pesquisadores suíços destrincharam recentemente a rede mundial
de multinacionais, servindo-se de uma base de dados da OCDE (Organização
de Cooperação e de Desenvolvimento Econômicos) agrupando mais de 30
milhões de atores do mercado econômico. Os cientistas chegaram a uma
síntese, agrupando-os sob a forma de uma rede de 43.060
multinacionais. Suas relações de força mútuas foram também
reconstituídas conforme a perspectiva da propriedade: uma empresa que
possui mais de 50% de ações de uma outra foi considerada como detentora
do controle acionário dessa última.
A rede parece deter uma estrutura
geral bastante comum nos sistemas naturais: certos atores são pontos de
convergência de poder, ao passo que outros estão apenas na periferia e
exercem somente um baixo nível de controle sobre os outros. Este
fenômeno, conhecido como “o rico fica mais rico” não espantou os
pesquisadores. Um ator de grosso calibre econômico atrai forçosamente os
recém chegados.
O que surpreendeu mais foi a
descoberta de um outro fenômeno conhecido como “o clube dos ricos”. No
centro desta rede, encontram-se 1.318 empresas que parecem mais
fortemente conectadas entre si e formam um núcleo central. Este núcleo
detém a maioria (60%) da indústria mundial, em consequência dos lances
no mercado acionário. Pior ainda, 147 empresas estão ainda mais
interconectadas e “dirigem” o núcleo.
Este 1% da totalidade do mercado
mundial controla, sozinho, quase 40% do coração da economia atual. Mas
quais são essas empresas? O que produzem? Pois bem, elas não produzem
absolutamente nada fisicamente. Trata-se de intermediários financeiros. E
entre elas encontramos nomes bastante conhecidos nesses tempos de
crise: Barclays, JP Morgan, Goldman Sachs, …
A questão inicial colocada por esse
trabalho científico era determinar se havia uma “cabeça” no sistema
financeiro atual. O núcleo descoberto pelos pesquisadores se pareceria
bastante com essa “cabeça”. Eles alertam, contudo, contra a idéia de se
ver nisso uma conspiração.
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