Por Tom Heneghan
PARIS, 11 Fev (Reuters) -
Com o anúncio surpreendente do papa Bento 16 de que vai renunciar no
final deste mês, pode estar chegando o momento de a Igreja Católica
Romana eleger seu primeiro líder de fora da Europa, e poderia ser um
latino-americano.
A região já representa 42 por cento da população católica mundial
de 1,2 bilhão, o maior bloco único na Igreja, em comparação com 25 por
cento na Europa.
Depois dos papas João Paulo e Bento, um polonês e um alemão, o
posto no passado reservado para italianos está agora aberto a todos.
Dois altos funcionários do Vaticano recentemente deram sugestões
claras sobre possíveis sucessores, indicando que o próximo papa poderia
muito bem ser da América Latina.
"Eu conheço muitos bispos e cardeais da América Latina que
poderiam assumir a responsabilidade pela Igreja universal", afirmou o
arcebispo Gerhard Mueller, chefe da Congregação para a Doutrina da Fé.
O cardeal suíço Kurt Koch, chefe do departamento do Vaticano para
a unidade dos cristãos, disse ao jornal Tagesanzeiger, em Zurique, que o
futuro da Igreja não estava na Europa.
"Seria bom se houvesse candidatos da África ou América do Sul no
próximo conclave", declarou ele, referindo-se à eleição a portas
fechadas na Capela Sistina, no Vaticano.
Se realmente for a vez da América Latina, os principais
candidatos parecem ser Dom Odilo Scherer, arcebispo da diocese de São
Paulo, ou o ítalo-argentino Leonardo Sandri, agora à frente do
departamento do Vaticano para as Igrejas Orientais.
FAVORITOS NESTE MOMENTO
Embora não haja candidatos oficiais, segue uma lista de
"papáveis" (potenciais papas) mencionados com mais frequência
recentemente. A lista está em ordem alfabética e poderá mudar entre
agora e quando o conclave for realizado, provavelmente em março.
- João Braz de Aviz, (Brasil, 65) trouxe ar fresco para o
departamento do Vaticano para congregações religiosas quando ele assumiu
em 2011. Ele apoia a preferência para os pobres na teologia da
libertação da América Latina, mas não os excessos de seus defensores.
- Timothy Dolan, (EUA, 62) tornou-se a voz do catolicismo dos EUA
depois de ser nomeado arcebispo de Nova York, em 2009. Seu humor e
dinamismo impressionaram o Vaticano, onde as duas coisas estão em falta.
Mas cardeais estão receosos de um "superpapa" e seu estilo pode ser
norte-americano demais para alguns.
- Marc Ouellet, (Canadá, 68) é o chefe da Congregação para os
Bispos. Ele disse uma vez que se tornar papa "seria um pesadelo". Apesar
de bem relacionado, o secularismo generalizado de sua Quebec nativa
poderia atrapalhá-lo.
- Gianfranco Ravasi, (Itália, 70) é ministro da Cultura do
Vaticano desde 2007 e representa a Igreja para o mundo da arte, ciência,
cultura e até mesmo para ateus. Este perfil poderia prejudicá-lo se os
cardeais decidirem que precisam de um pastor experiente em vez de outro
professor como papa.
- Leonardo Sandri, (Argentina, 69) nasceu em Buenos Aires de pais
italianos. Ele deteve o terceiro posto mais alto do Vaticano como chefe
de gabinete em 2000-2007, mas não tem experiência pastoral.
- Odilo Pedro Scherer, (Brasil, 63) é considerado o mais forte
candidato da América Latina. Arcebispo de São Paulo, a maior diocese do
maior país católico, ele é conservador em seu país, mas considerado
moderado nos demais lugares. O rápido crescimento das igrejas
protestantes no Brasil poderia pesar contra ele.
- Christoph Schoenborn, (Áustria, 67) é um ex-aluno de Bento com
um toque pastoral que o pontífice não tem. O arcebispo de Viena foi
classificado como "papável" desde a edição do catecismo da Igreja na
década de 1990.
- Angelo Scola, (Itália, 71) é arcebispo de Milão, um trampolim
para o papado, e muitos italianos apostam nele. Especialista em
bioética, ele também conhece o Islã como chefe de uma fundação para
promover a compreensão entre muçulmanos e cristãos. Sua densa oratória
pode irritar cardeais que buscam um comunicador caristmático.
- Luis Tagle (Filipinas, 55) tem um carisma muitas vezes
comparado com o do falecido papa João Paulo 2o. Ele também é próximo ao
papa Bento depois de trabalhar com ele na Comissão Teológica
Internacional. Embora tenha muitos fãs, ele só se tornou cardeal em
2012.
- Peter Turkson (Gana, 64) é o principal candidato africano.
Chefe do escritório de justiça e paz do Vaticano, é o porta-voz da
consciência social da Igreja e apoia a reforma financeira mundial.
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