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Enquanto impõe políticas de recessão e miséria
nos países do Sul da Europa, a Alemanha quer aproveitar o êxodo de 200
mil trabalhadores qualificados desses países, por ano, no próximo
período. O resultado do investimento nessas qualificações, pagas pelos
contribuintes gregos, espanhóis ou portugueses, irá assim ser
transferido em massa para Berlim.
Governo alemão aproveita a sangria de quadros dos países sujeitos à austeridade da troika. Foto do Governo Federal alemão/Flickr
A mão de obra para a Alemanha também chega do Leste europeu e só este
ano deverão entrar entre 100 mil e 180 mil trabalhadores menos
qualificados da Bulgária e da Roménia. Algumas empresas alemãs têm sido
alvo de queixas de concorrentes de outros países, por aproveitarem a
diretiva que permite aplicar na Alemanha a lei laboral do país de origem
do trabalhador, ou seja, pagando salários de miséria e oferecendo
condições de trabalho mais próximas da semi-escravatura. Dois ministros
belgas apresentaram queixa à Comissão Europeia contra a Alemanha por
"dumping social".
O aumento dos pedidos de emprego na Alemanha por parte de trabalhadores
do Sul da Europa tem aumentado nos últimos anos, revela o site
publico.es. Os espanhóis foram os que mais viram subir os pedidos de
emprego na Alemanha em 2012 (mais 26,4%), seguidos dos gregos (23,2%),
italianos (12,4%) e portugueses (12,3%).
No ano passado, a Alemanha viu aumentar em 1% o número de pessoas com
trabalho, ou seja, 2012 foi o sexto ano consecutivo de aumento do
emprego e desde 2005 o número de trabalhadores aumentou 6,8%: mais 2,66
milhões de empregos. Uma realidade que contrasta com o Sul da Europa,
que viu as taxas de desemprego e a emigração aumentarem, à medida que as
políticas ditadas por Berlim e Bruxelas foram sendo implementadas pelos
governos comandados pela troika com os resultados que estão à vista: as
suas dívidas não pararam de crescer, as suas economias afundaram-se e a
nova geração dos seus trabalhadores mais qualificados vê-se obrigada a
sair do seu país.
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