domingo, 21 de abril de 2013

E o Paraguai volta a ser o Paraguai 21/04/2013

247 – A volta do Partido Colorado, que mandou, desmandou e moldou o Paraguai tal qual o país se tornou conhecido em todo o mundo e, especialmente, no Brasil – pátria de mercadorias falsificadas, abrigo dos carros roubados e de governo infestado pela corrupção e o autoritarismo --, já está contratada. Pesquisa de boca-de- urna do jornal argentino La Nación indica o candidato colorado a presidente, Horacio Cartes, como vencedor do pleito que se encerra às 21h00. Ele já teria obtido, no transcorrer da votação até o fechamento das urnas, mais de dez pontos porcentuais sobre o segundo colocado, ex-ministro Efraim Alegre. O resultado oficial dever divulgado cinco horas após o pleito.
Com 56 anos, empresário e polêmico, Cartes já é o herdeiro de uma máquina política que mandou e desmandou no Paraguai por 60 anos. À frente dessa estrutura que dizimou a oposição e exerceu o poder sob a égide da corrupção e do autoritarismo estava o  ditador Alfredo Stroesner. Ele controlou o país com mão de ferro por 35 anos e faleceu exilado no Brasil. A vitória do ex-bispo Fernando Lugo, em 2008. No ano passado, Lugo sofreu processo de impeachment no Congresso paraguaio, que não levou mais do que 36 horas para apeá-lo do poder. A queda de Lugo mereceu a oposição de grande parte da população, que realizou vigílias em defesa do presidente eleito, mas sem sucesso. Agora, Cartes está a um passo de recolocar o Paraguai em sua trajetória histórica de atraso institucional e corrupção endêmica, ao feitio do Partido Colorado que ele passou a controlar com seu poderio financeiro.
Abaixo, notícia da Agência Brasil a respeito da esperada volta do Partido Colorado ao poder no Paraguai:  
Paraguai: boca de urna indica vantagem para candidato do Partido Colorado
21/04/2013 - 13h45

Monica Yanakiew
Enviada especial da Agência Brasil/EBC
Assunção – As primeiras pesquisas de boca de urna, realizadas na manhã de hoje (21) indicam vantagem para o empresário multimilionário Horacio Cartes, candidato do Partido Colorado à Presidência do Paraguai. Em segundo lugar, está o ex-ministro de Obras Públicas e candidato do governo, Efraín Alegre, do Partido Liberal Radical Autêntico.
Aos 56 anos, Cartes é um novato na política. Até hoje, nunca tinha votado em eleição presidencial (apesar de o voto, no Paraguai, ser obrigatório). Dono de 25 empresas, entre as quais, um banco e fábricas de cigarros e de refrigerantes, filiou-se ao Colorado em 2009 e conseguiu modificar os estatutos partidários para se lançar candidato.
Na época, o centenário Partido Colorado acabava de perder a hegemonia no poder. Depois de estar no governo do Paraguai por 61 anos ininterruptos (35 deles durante uma ditadura), o partido foi derrotado nas eleições presidenciais de 2008 por uma aliança de partidos de esquerda com os liberais, que levou ao poder o ex-bispo Fernando Lugo. Ele foi destituído pelo Congresso (de maioria oposicionista), em junho passado, e substituído por seu vice, o liberal Federico Franco.
Na campanha, Cartes explorou a imagem de empresário bem-sucedido, criador de postos de trabalho. A agropecuária é a principal atividade do país, mas não emprega mão de obra intensiva e depende do clima, que é instável. Mas sérias acusações pesam sobre o empresário, dentro e fora do Paraguai.
Em entrevista coletiva na manhã de hoje (21), antes mesmo de votar, ele atribuiu as denúncias a uma campanha suja da oposição. Na página de sua ala política, Honor Colorado, ele se defende – inclusive de um processo aberto pela Receita Federal brasileira, em 2004, sobre a suposta remessa irregular de divisas do Brasil para o Paraguai.
“Todos os diretores do BA (Banco Amambay, de propriedade de Cartes) foram absolvidos em 2008”, diz Cartes, em sua página na internet, onde também rebate as acusações de evasão de divisas e narcotráfico.
Os colorados, em contrapartida, acusam Efraín Alegre (do Partido Liberal Radical Autêntico) de malversação de fundos na época em que era ministro de Obras Públicas e de Comunicação do governo Lugo. O advogado, de 50 anos, iniciou sua carreira política, no Partido Liberal ainda jovem. Antes de ser ministro, foi presidente da Câmara dos Deputados e senador.

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