sexta-feira, 18 de novembro de 2016

A grotesca prisão de Anthony Garotinho, por Breno Tardelli 18/11/2016




Jornal GGN - Em artigo publicado no Justificando, Breno Tardelli, diretor do site, critica a prisão do ex-governador do Rio de Janeiro, Antonhy Garotinho. Tardelli argumenta que é justamente na prisão de nossos “inimigos” em que a humanidade é testada.

“Se não reconhecemos a dignidade em pessoas que não gozam de nossa empatia, por que raios esperaremos tratamento diferente quando formos nós mesmos os arrastados?”, questiona.

Ele também ressalta que o caso ocorre em um contexto de uso de prisões preventivas que acabam com o direito de defesa e com a presunção de inocência, já que, juridicamente, o ex-governador do RJ não está condenado a nada.

Leia mais abaixo:

Do Justificando

Prisão de Anthony Garotinho é grotesca e grave ao Estado de Direito

por Breno Tardelli

Imagine se fosse o Lula. Imagina se fosse o Aécio, Marina Silva ou Bolsonaro. Fosse a Luciana Genro ou seja lá qual político com o qual você se identifique. Ou então, se sua repulsa for absoluta, imagine, ainda, se fosse um amigo, uma amiga arrastada de maca aos berros à prisão.

Mas não precisa imaginar. Aconteceu com Anthony Garotinho, um pastor evangélico, envolvido historicamente em episódios políticos absurdos, como também em repressão a minorias. Foi uma pessoa que durante seu mandato se aproveitou enormemente do aparato policial e que caso fosse espectador de uma cena dessa envolvendo algum adversário seu, não duvido que comemoraria.

O ex-governador foi arrastado de maca, aos berros, para a prisão para a felicidade das câmeras estrategicamente colocadas para focar no melhor ângulo. Seu corpo foi servido à espetacularização da justiça e sua imagem está estampada em memes, notícias e comemorações pela internet.

Por ser impopular, tende-se a entender a prisão dele como merecida. O gozo de muitas pessoas absortas no prazer em ver a desgraça alheia seria justificável tendo em vista a figura política.

Não. Mil vezes não.

Justamente na prisão de “inimigos”, a humanidade é testada. Se não reconhecemos a dignidade em pessoas que não gozam de nossa empatia, por que raios esperaremos tratamento diferente quando formos nós mesmos os arrastados?

A prisão de Garotinho acontece em um contexto de uso de prisões preventivas, no uso da mídia pelo aparato policial, acusatório e judicial para trucidar o direito de defesa e inviabilizar a recuperação do indivíduo. Se fosse com o Lula, mídias progressistas estariam em choque com a violação ao Estado de Direito. Já as tradicionais não suportariam a cena de José Serra arrastado aos urros. Nada deveria mudar quando a figura política é um Anthony Garotinho.

Como se não bastasse, Garotinho não está condenado juridicamente a nada. Presunção de inocência deve contar algo em um país que se diz uma Democracia. Pena que ela está tão em baixa.



http://jornalggn.com.br/noticia/a-grotesca-prisao-de-anthony-garotinho-por-breno-tardelli

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