sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Brasil tem quase R$ 1 tri para blindar economia real de crise mundial

Governo conta com munição de R$ 960 bilhões para atravessar uma nova crise econômica mundial, bem acima do arsenal de 2008. São US$ 347 bi em reservas, a sexta maior do planeta, segundo o Fundo Monetário Internacional, e R$ 420 bi em depósitos compulsórios. Recursos podem ser usados caso dinheiro suma da economia real e afete financiamento a empresas. “É uma garantia que nós temos a mais no Brasil hoje para fazer frente a um ambiente internacional que pode mudar no curto prazo", diz presidente do BC, Alexandre Tombini. "Brasil nunca esteve tão preparado contra crises", afirma ministro da Fazenda, Guido Mantega.

BRASÍLIA – O Brasil possui um colchão de R$ 960 bilhões para enfrentar uma eventual nova crise econômica mundial, entre reais e dólares guardados pelo Banco Central (BC). Maior do que em 2008, quando estourou a crise financeira que agora pode se desdobrar em uma segunda etapa, a munição ajudaria a economia brasileira a continuar rodando, ao servir de fonte de financiamento para empresas que queiram investir e exportar.

“São ferramentas que nós temos para o caso de um agravamento da crise”, disse nesta quinta-feira (04/08) o presidente do BC, Alexandre Tombini. “É uma garantia que nós temos a mais no Brasil hoje para fazer frente a um ambiente internacional que pode mudar no curto prazo”, completou.

O arsenal é formado pelos dólares pertencentes ao governo e por uma parte do dinheiro que os bancos pegam dos clientes e precisam, obrigatoriamente, deixar parado no BC (depósitos compulsórios).

As reservas internacionais do governo, mantidas no BC, somam US$ 347 bilhões, algo em torno de R$ 540 bilhões, considerando-se o preço do dólar nesta quinta-feira (04/08). O estoque é 60% superior ao de setembro de 2008 (US$ 205 bilhões), mês em que foi deflagrada a crise financeira com a quebra da instituição financeira norte-americana Lehman Brothers.

Os dólares das reservas podem ser usados pelo governo para financiar empresas exportadoras que, caso se concretize a crise mundial que se desenha, poderiam não conseguir a moeda emprestada lá fora, algo que aconteceu em 2008.

É comum um exportador pegar dólar emprestado para financiar suas operações no dia a dia porque, em geral, o cliente importador dele não paga a compra no ato. A empresa recorre a um banco para adiantar, na forma de empréstimo, o dólar que ganhará com a exportação. E paga a dívida depois, quando recebe do cliente, também em dólar, o pagamento pela venda.

Segundo relatório divulgado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) sobre a economia brasileira nesta terça-feira (03/08), o Brasil é hoje o sexto país com a maior reserva de dólares do planeta. Só no primeiro semestre de 2011, o governo engordou o caixa em US$ 37 bilhões, mais de 10% do total.

Na semana passada, durante visita oficial da presidenta argentina, Cristina Kirchner, a presidenta Dilma Rousseff disse que, nas conversas, as duas tinham se dado conta de que, juntos, os dois países (Brasil e Argentina) possuem a quarta maior reserva mundial, quase US$ 400 bilhões. A Argentina, segundo informação oficial, tem US$ 50 bilhões de estoque.

No caso do depósito compulsório dos bancos, a quantia guardada hoje pelo BC é de R$ 420 bilhões, 68% acima da observada em 2008 (R$ 250 bilhões). Este volume aumentou bastante desde o ano passado, porque o governo decidiu usar o aumento dos depósitos compulsórios para controlar a inflação – menos dinheiro no caixa dos bancos significa menos empréstimos e, portanto, menos consumo e investimentos, o que alivia a atividade econômica.

Os compulsórios podem ser úteis caso haja uma nova crise e o setor bancário repita o comportamento de 2008. Na época, as instituições financeiras ficaram com medo de emprestar e optaram por aplicar ainda mais no “mercado” em negócios com títulos públicos do governo em troca de juros altos.

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse, também nesta quinta-feira (04/08), que espera que a situação no mundo melhore mas, que se isso não ocorrer, o país está pronto para o que virá. "Caso haja um agravamento, o Brasil nunca esteve tão preparado para enfrentar as consequências de uma crise ou de uma nova crise", afirmou.

Nesta sexta-feira (05/08), Matega participará de uma reunião de ministros da economia dos países membros da União Sul-Americana de Nações (Unasul), em Lima, no Peru, para discutir como a região pode se proteger de uma nova crise.

*Matéria alterada depois da publicação para acréscimo de informações.

http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=18179

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