segunda-feira, 2 de abril de 2012

Balança comercial acumula superávit de US$ 2,440 bilhões no 1º tri 02/04/2012

Superávit comercial brasileiro em março foi de US$ 2,019 bilhões, o maior resultado para o mês desde 2007


Eduardo Rodrigues e Célia Froufe, da Agência Estado
BRASÍLIA - O superávit comercial brasileiro em março foi de US$ 2,019 bilhões, o maior resultado para o mês desde 2007, segundo a secretária de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Tatiana Prazeres. "O saldo comercial nos chama atenção", comentou durante entrevista coletiva.
Ela ressaltou que, apesar de não ser recorde, tanto as exportações quanto as importações foram recorde para meses de março. No mês passado, o saldo foi de US$ 2,019 bilhões, com as exportações totalizando US$ 20,911 bilhões e as importações, US$ 18,892 bilhões.
O resultado de março superou as estimativas dos analistas consultados pelo AE Projeções, que iam de US$ 794 milhões a US$ 1,6 bilhão, com mediana de US$ 1,404 bilhão.

Na quinta semana de março (dias 26 a 31), o saldo foi positivo em US$ 919 milhões, decorrente de US$ 4,634 bilhões em embarques e US$ 3,715 bilhões em compras do exterior.
No ano, a balança comercial brasileira acumula superávit de US$ 2,440 bilhões. As exportações somaram US$ 55,080 bilhões no primeiro trimestre de 2012, e as importações chegaram a US$ 52,640 bilhões.
Exportações
As exportações de produtos básicos foram as principais responsáveis pelo saldo positivo da balança comercial brasileira em março. Na comparação com março do ano passado, as vendas de bens primários cresceram 10,4%, chegando a US$ 10,1 bilhões, quase a metade do total de US$ 20,9 bilhões exportados no mês.
Já as vendas de bens intermediários caíram 15,5% na comparação com março de 2011, ficando em US$ 2,4 bilhões. "Houve uma queda expressiva das exportações brasileiras de açúcar para a Rússia. Esse item puxou pra baixo o desempenho brasileiro de semimanufaturados", avaliou Tatiana Prazeres.
As exportações de produtos manufaturados expandiram apenas 1,5% em março, para US$ 7,9 bilhões. Segundo a secretária de Comércio Exterior do MDIC, Tatiana Prazeres, o desempenho foi influenciado pela queda de 29% nas vendas de automóveis para a Argentina no mês.
Soja
As exportações brasileiras de soja foram o destaque da pauta em março, na avaliação de Tatiana Prazeres. "A soja nos chama atenção, com aumento de 99% no valor exportado no primeiro trimestre do ano, refletindo mais o aumento da quantidade", comentou. Apenas em março na comparação com março do ano passado, o crescimento foi de 42,3% para US$ 2,1 bilhões.
A secretária atribuiu o aumento das vendas à quebra de safra nos Estados Unidos e à necessidade de o mundo, principalmente a China, manter seus estoques. "Com isso, tem sido possível para o Brasil manter as exportações de soja. A safra entra agora, vamos observar com atenção a evolução do produto", disse.
Tatiana enfatizou que o aumento das vendas, ao lado da maior comercialização de petróleo, ajudou a neutralizar a queda das exportações de minério de ferro, que registrou queda de 18% no primeiro trimestre do ano na comparação com o período de janeiro a março de 2011. "No último mês, ainda vimos a recuperação das quantidades embarcadas, mas a queda do preços ainda não é suficiente para fazer com que as variações sejam positivas em relação ao ano passado", comparou.
Média diária
A média diária do saldo da balança comercial em março subiu 1,7%, passando para US$ 91,8 milhões, de US$ 90,3 milhões em fevereiro.
A média diária é resultado de um superávit comercial em março de US$ 2,019 bilhões, que é 17,7% superior ao superávit de US$ 1,715 bilhão registrado em fevereiro.
Na comparação com março de 2011, a média diária em março deste ano cresceu 24% ante os US$ 74 milhões verificados em igual mês do ano passado. Em relação ao valor absoluto, o crescimento foi de 29,9%, ante um resultado de US$ 1,554 bilhão.
Por outro lado, o superávit acumulado no primeiro trimestre deste ano de US$ 2,440 bilhões é 22,4% inferior ao obtido no período de janeiro a março do ano passado. No primeiro trimestre de 2011, o saldo foi positivo em US$ 3,145 bilhões.
A queda ocorre porque o ritmo de crescimento das importações em 2012 é maior do que o verificado nas exportações. Pela média diária de janeiro a março, os embarques cresceram 5,8% em relação ao mesmo período de 2011, passando de US$ 826,3 milhões para US$ 874,3 milhões. Já o aumento das compras do exterior foi de 7,7%, com a média por dia útil passando de US$ 759,9 milhões para US$ 915,8 milhões.
Bens de capital
A média das compras brasileiras diárias de bens de capital registrou queda de 3,2% em março ante o mesmo mês do ano passado, saindo de US$ 186,5 milhões para US$ 180,6 milhões. "Houve uma ligeira queda (nas compras) de bens de capital. Nos chama atenção esse dado, mas, no acumulado do ano, houve crescimento", disse a secretária de Comércio Exterior do MDIC, Tatiana Prazeres. No trimestre, a expansão foi de 5,9% na comparação com o período de janeiro a março do ano passado.
Os itens que compõem o segmento de bens de capital muitas vezes são adquiridos pelas indústrias para ampliar e modernizar a capacidade de produção do setor. Outro termômetro são as compras de matérias-primas e bens intermediários, que registraram crescimento em março, mas de apenas 1% ante o mesmo mês de 2011. No acumulado do ano, o incremento é de 4,2%. "O aumento das importações é bem distribuído em diferentes categorias de uso, salvo bens de capital", comentou.
O que tem liderado as importações são os bens de consumo não duráveis, cujo crescimento em março foi de 15,6%. Já os bens duráveis ficaram estagnados, a despeito da expansão de 4,2%, nas compras de automóveis importados. As compras de combustíveis e lubrificantes cresceram 5% no mês, apesar da queda de 19,9% nas compras de petróleo.
Incertezas
Ainda há sinais pouco claros sobre o cenário internacional em relação à tendência de comércio, segundo Tatiana Prazeres. "O cenário é de incertezas no âmbito nacional, refletindo sobre a balança comercial brasileira", comentou.
Ela destacou que a União Europeia, por exemplo, tem dados sinais "pouco claros", com variações de um mês para o outro dentro de uma mesma região. "O que nos chama atenção na União Europeia é a queda para mercados relevantes como Alemanha, Itália e Espanha", disse. Ela acrescentou, porém, que para outros países, como Irlanda, Portugal e França, o Brasil tem conseguido ampliar as exportações.

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