O Globo
Presença de Castro no próximo encontro provocaria questionamento em ano eleitoral
WASHINGTON — A presidente Dilma Rousseff afirmou que comunicou ao
presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, que a próxima Cúpula das
Américas, que reúne praticamente todos os chefes de Estado de toda a
região nos dias 13 e 14 de abril, será a última sem a participação de
Cuba.
Nos bastidores, os EUA vetaram o convite ao país, com o qual vivem
uma relação de antagonismo desde o fim dos ano 50, cujo maior emblema é o
embargo econômico à ilha. A presença de Raúl Castro, que substituiu o
irmão Fidel Castro no comando do governo cubano há quatro anos, poderia
gerar questionamento politico a Obama domesticamente, em ano de eleições
presidenciais.
Perguntada se o Brasil fez um pedido formal para
que Obama aceitasse Cuba no próximo encontro dos chefes de Estado,
Dilma afirmou:
— O que houve foi a constatação de que todos os países (da América
Latina) têm relação com Cuba e, portanto, esta é a ultima cúpula em que
ela não participaria. Esta é a posição unânime (na região).
Questionada sobre a resposta de Obama, Dilma retrucou:
— Ele não tem que responder. Isso não é uma pergunta.
Na declaração conjunta após o encontro de trabalho, na Casa Branca,
Obama afirmou que ele e Dilma discutiram tópicos da agenda da cúpula,
cujo tema e "Conectando as Américas: Parceiros para a Prosperidade”, a
qual tem como foco o papel da integração física, cooperação regional,
pobreza e desigualdades, segurança cidadã, desastres e acesso a
tecnologias como meios para alcançar níveis superiores de
desenvolvimento e superar os desafios das Américas.
— Estamos consultando sobre o desenrolar a cúpula, para garantir que
estamos coordenando esforços para expandir a cooperação em educação e no
desenvolvimento de energias limpas, e cooperem também na luta ao
narcotráfico e no aumento da segurança dos cidadãos, uma coisa tao
importante para todos nos — afirmou Obama.
Obama disse que discutiram temas globais, entre os quais a situação
no Oriente Médio. Dilma, em entrevista à imprensa brasileira, ressaltou
que não houve discussão especifica sobre o Irã. Ela, porem, ressaltou
aos jornalistas que a posição brasileira e conhecida:
— Não conversamos sobre o Irã, como vocês viram na declaração final.
Tivemos algumas avaliações à parte da discussão (...) Teve uma
manifestação sobre a preocupação com o Oriente Médio e com o Norte da
África. Nós não temos posições extremamente coincidentes a respeito, o
Brasil sempre procurou uma solução pacifica inicial, uma cooperação, e
só esforços diplomáticos determinados, no sentido de que a gente deve
evitar sempre o conflito. E aquela questão da responsabilidade de
proteger populações civis, nós sempre acrescentamos a responsabilidade
também ao proteger populações civis. Não e só a responsabilidade de
proteger, mas se você vai proteger com mandato dado pela ONU, baseado no
direito internacional, você tem que ter responsabilidade ao proteger, o
que você vai fazer para proteger.
Na declaração final, ficou registrado apenas:
"Ao trocar impressões sobre recentes desafios na África e no Oriente
Médio, os Presidentes ressaltaram a importância de esforços cooperativos
para produzir resolução de conflitos que seja sustentável e contribua
para a paz e a estabilidade. Manifestaram seu compromisso de apoiar, com
urgência, soluções multilaterais abrangentes e duradouras para as
prementes questões e crises globais atuais"
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