Qual seria
realmente o forte argumento a ser utilizado pelo Brasil para disputar
uma vaga permanente com poder de veto no Conselho de Segurança da ONU? A
sexta economia do mundo? A alemanha e o Japão também não possuem essa
prerrogativa embora busquem a vaga juntamente com o Brasil. Os países
com vaga permanente e poder de veto são: Estados Unidos da América,
Rússia, Reino Unido, França e a China, todos países reconhecidos como
Potências. Analisemos o que diz o Conselho de Segurança das Nações
Unidas sobre duas de suas funções e atribuições:
De acordo com a Carta da ONU, as principais funções e atribuições do Conselho de Segurança são:
- Manter a paz e a segurança internacionais de acordo com os princípios e propósitos das Nações Unidas;
-Decidir sobre ações militares contra agressores;
(Fonte: http://www.brasil-cs-onu.com/)
Logo,
aspirando uma vaga no Conselho de Segurança da ONU, o Brasil anseia uma
posição global que tem por obrigação “MANTER A PAZ E DA SEGURANÇA
INTERNACIONAL” e o poder de “DECIDIR SOBRE AÇÕES MILITARES“. Não tem
como não relacionar, automaticamente, estas obrigações à posse de um
grande poderio militar, em que o país possa se impor perante suas
decisões.
Recentemente (2012) o Diplomata Americano, Richard Haass, do ‘Council on Foreign Relations’ dos EUA,
visitou o Brasil e concedeu uma estrevista ao Jornal Folha/UOL. Nesta
estrevista a jornalista Cláudia Antunes fez a seguinte pergunta:
-FOLHA – O subsecretário de Estado William Burns descreveu o Brasil como uma “potência global emergente”. Usaria a mesma descrição?
-HAASS - A resposta curta é sim. A palavra emergente é difícil. Em alguma medida, o Brasil já chegou lá. Economicamente, o Brasil já é uma potência mundial. Diplomaticamente, tem assumido um papel maior. Militarmente, ainda é modesto, e tem que decidir que tipo de capacidade o país quer, que papel quer desempenhar.
Em uma recente visita de politicos suécos (2012), estes fizeram o seguinte questionamento:
“Afinal, o que quer o Brasil? Qual é o objetivo do Brasil na arena global?”Disse ter conhecimento do potencial do país e da atual fase de crescimento.“Mas não está claro para mim por que a Suécia deveria dar apoio ao Brasil no plano internacional. O Brasil quer fazer parte do Conselho de Segurança da ONU. Mas para quê? Vejo o Brasil como um país que parece querer ser amigo de todos internacionalmente. Quando você é amigo de todos, não consegue o respeito nem o apoio necessário.”
Relação entre Pólos de Poder e Grande Potência, segundo Wikipédia:
“Não existe consenso sobre quais modalidades de poder são as mais importantes para definir uma grande potência ou uma potência regional, embora exista um relativo consenso de que o poder militar, o poder econômico e o poder político, são determinantes para qualquer classificação.” (Wikipédia )
Fazendo
uma breve análise sobre o que é preciso para se ter uma influência
global, um país necessita ter decisões firmes, que logicamente vêm
asseguradas por um notável poderio militar. Como bem sabemos o Brasil
não é possuidor de um poderio bélico que se faça ser respeitado e o
objetivo em suas relações internacionais é de ser visto como o país
“politicamente correto”, visando o bom relacionamento com todos os
demais. Como já dizia o velho ditado: “Todo bonzinho morre coitadinho”.
Abaixo
temos uma tabela com alguns dados gerais e militares sobre os cinco
países com a vaga permanente, o Brasil (aspirante à vaga permanente),
China (segunda economia do mundo) e Índia:
Fontes: (http://www.globalfirepower.com/ em 01/04/2012) e FMI(www.imf.org/ em 02/04/2012)
Os dados
destacados em vermelho são considerados relativamente importantes para
se executar uma comparação sobre o poderio militar do Brasil, das Nações
com vaga permanente no Conselho de Segurança da ONU e de duas outras
grandes economias mundiais. Muitos poderão dizer que não há como
comparar o Brasil com os E.U.A. Justamente, não podemos comparar, pois o
que o Brasil deve fazer daqui pra frente, já foi feito por eles há
anos. Uma análise rápida da tabela mostra que o Brasil:
- possui a menor quantidade de militares por km²;
- não
investe o que deveria em suas Forças Armadas, se analisarmos o
percentual (%) do PIB investido em realação aos demais países; deve-se
levar em conta que a China possui o segundo maior orçamento militar do
mundo, com 100 bilhões de dólares por ano, e a Índia está adquirindo 126
caças para sua Força Aérea.
- com
somente 371.000 militares, tem investimento por militar maior apenas que
Rússia (1.200.000 militares), China (2.285.000 militares) e Índia
(1.325.000 militares);
- tem uma
quantidade irrisória de aviões por km², lembrando que os caças F-5 da
FAB tem projeção de vida para até 2015 e mais da metade não sai do chão,
e a aquisição dos novos caças nos projeto FX-2 se arrasta há mais de 10
anos, para compra de míseros 36 aviões;
- possui a
menor quantidade de helicópteros entre os 7 países, e ficando próximo à
Rússia em helicópteros por km², que possui uma área duas vezes maior;
- possui uma quantidade 11 vezes menor de carros de combate por km² do que a França, que é a que menos possui carros de combate;
- possui
mais navios por km litorâneo que a Rússia e o Reino Unido, os quais têm,
respectivamente, uma linha costeira cinco vezes maior e uma vez e meia
maior que a do Brasil, sendo que a Rússia possui 48 submarinos (alguns
com capacidade de lançar mísseis intercontinentais com ogivas nucleares)
e um porta aviões (que diferente do Brasil, possui aeronaves
funcionando), e o Reino Unido possui 11 submarinos e 01 porta aviões;
- possui a menor quantidade de submarinos, e todos diesel-elétricos;
- possui
um porta-aviões, sendo que nenhum dos 14 aviões está em condições de
vôo, anulando assim seu emprego; (vale ressaltar que um porta-aviões
costuma possuir normalmente acima de 40 aeronaves)
- não
possui armamento nuclear (posse de armamento nuclear é apenas para
conhecimento, não devendo ser levado em conta sua posse, pois como
sabemos, o desenvolvimento deste armamento hoje trás mais incômodos do
que projeção militar propriamente dita, isso sem deixar de lembrar que o
Brasil é signatário do TNP – Tratado de Não-proliferação de Armas
Nucleares).
Observamos
então que o Brasil não possua uma projeção global a ponto de exigir uma
vaga permanente no Conselho de Segurança da ONU, devido ao fato de não
possuir um poderio militar condizente com as nações que o integram, nem
com outros grandes atores Globais como a Índia. Ao contrário do que
deveria ser feito, nosso governo trata suas Forças Armadas com descaso,
ignorando um dos grandes ‘quesitos’ para ser merecedor da tão sonhada
vaga no Conselho de Segurança. Sugiro então que utilizemos outros
argumentos. Que tal afirmar que somos o país do futebol? O país do
carnaval? Da caipirinha? Sugiro que esperemos sentados.
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