segunda-feira, 11 de junho de 2012

Marx confirma presença na Rio+20 11/06/2012

publicado em 10 de junho de 2012 às 5:59
 Editorial do Vermelho, sugerido por Ivo Pugnaloni
Às vésperas do início da Conferência da ONU Sobre Desenvolvimento Sustentável (a Rio+20), a comemoração na terça-feira (5) do Dia do Meio Ambiente exige uma reflexão mais profunda.
A Conferência da ONU ocorre 20 anos depois do encontro pioneiro realizado no Rio de Janeiro em 1992; propõe-se a fazer um balanço do que se fez no período; e tem a ambição de alcançar a aprovação de novos paradigmas de desenvolvimento que seriam ambientalmente mais corretos e aceitáveis.
Entretanto, há uma contradição que a experiência recente de reuniões internacionais sobre o tema mostra ser insanável, acumulando impasses ao longo dos anos, e que poderá repetir-se no encontro deste ano.
Enquanto a ONU, as agências internacionais e os governos dos EUA e da Europa enfatizam os aspectos financeiros e econômicos das medidas que querem ver aprovadas (a por eles chamada “economia verde” que vem de mãos dadas com a proposta de uma “governança global” que ameaça a soberania dos povos), países como Brasil, China, Índia e inúmeros outros exigem, em oposição às imposições de caráter imperialista dos países ricos, o reconhecimento, com plenas consequências, de seu direito ao desenvolvimento.
Um mundo desmorona neste início de século – o mundo desigual e injusto construído pelas potências colonialistas e imperialistas nos últimos séculos, que colocou no comando os povos do norte do planeta e, entre eles, as camadas mais ricas de suas populações.
A antevisão deste desmoronar, desenhado no horizonte geopolítico já em meados do século 20, mascarou-se com o verde de uma alegada defesa ambiental para disfarçar, sob um manto aceitável (a proteção do meio ambiente) e de uma ameaça que poderá atingir a todos (a falência do planeta), a pregação da contenção do desenvolvimento – o desenvolvimento zero de tantos ambientalistas – e, assim, congelando o status quo do poder global, assegurar a manutenção do sistema capitalista e das estruturas imperialistas do poder mundial.
As profundas contradições inerentes ao sistema capitalista dominante movem esta ambição de contenção do desenvolvimento dos povos.
O capitalismo, mostrou Karl Marx, é duplamente antagônico: ele explora igualmente a natureza e a força de trabalho, sendo fator de degradação destas duas únicas fontes da riqueza existente.
Da mesma maneira como espolia os trabalhadores, o modo de produção capitalista e as imposições de produção e de consumo desenfreado que o acompanham, são os principais fatores da destruição ambiental.
Não é o “homem abstrato” da propaganda ideológica que destrói a natureza: o autor desta façanha é a forma de viver, produzir e consumir predatórias, sob comando do capital, e submetidas à sua voracidade por ganhos ilimitados e cada vez mais concentrados, gerando riqueza inaudita num polo e desemprego, pobreza e desalento para a imensa maioria.
Aquele ser humano que Marx definiu, há mais de século e meio, como um ser natural que tinha a natureza como seu corpo inorgânico, aparece separado e como se fosse antagônico a ela na sociedade burguesa.
Sob o capitalismo aquela relação essencial entre a natureza e seres humanos foi rompida da mesma maneira como, ao transformar a força de trabalho humano em mercadoria que é vendida a troco de um salário, o capitalismo rompeu a unidade do homem consigo mesmo, tornando-o alheio (alienado, escreveu Marx) em relação à sua própria atividade produtiva e à riqueza que ela cria que, deixando de ser social, passa a ser objeto de apropriação privada dos donos do capital.
É no capitalismo que a cisão entre natureza e seres humanos é mais completa.
Esta é a realidade que faz da superação do capitalismo e da conquista do socialismo uma necessidade para a reconciliação entre os homens e a natureza.
E que faz da ciência social fundada por Karl Marx – o marxismo – o valioso instrumento para a formulação de uma política de proteção do meio ambiente que defenda os trabalhadores na luta por um mundo novo que vá além das mazelas do capitalismo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário