domingo, 3 de junho de 2012

Submarinos nucleares israelitas embaraçam Merkel 04/06/2012

 Written by Harry
Os submarinos que a Alemanha fornece a Israel desde a década de 1990 estão equipados para transportar e disparar mísseis nucleares. A revelação tem tudo para embaraçar o Governo de Angela Merkel, que há vários anos vem negando a capacidade nuclear dos submarinos.
A revelação, hoje conhecida em pré-publicação do semanário Der Spiegel, resulta de aturadas investigações deste sobre a chamada “Operação Samson”. O diário israelita Haaretz comenta: “Se a informação obtida por Der Spiegel for efectivamente correcta, ela poderia causar um considerável embaraço à chanceler alemã Angela Merkel e ao seu Governo, que têm repetidamente negado que sejam nucleares os submarinos fornecidos a Israel”.
Condições alemãs ignoradas por Israel
Sem parecer preocupado com as consequências indesejadas que a revelação pode trazer a Angela Merkel, o ministro israelita da Defesa, Ebhud Barak, declarou a Der Spiegel: “Os alemães podem orgulhar-se de ter assegurado a existência do Estado de Israel durante vários anos”.
Os três primeiros submarinos alemães da classe Dolphin entregues a Israel foram-no na década de 1990, com o Estado alemão a custear praticamente toda a construção. Peritos internacionais consideravam-nos, antes ainda das actuais revelações, capazes de transportar ogivas nucleares.
Um quarto submarino da mesma classe foi entregue há um mês e deverá estar operacional a partir do próximo ano. Outros dois têm contratos assinados e serão entregues escalonadamente até 2017. Merkel tinha condicionado o seu fornecimento a uma paragem da construção de colonatos e à autorização israelita para a construção de uma estação de tratamento de águas residuais na Faixa de Gaza, financiada com capitais alemães.
O Governo de Netanyahu ignorou as duas exigências alemãs, mas isso não impediu Berlim de assinar os contratos, de subsidiar a fundo perdido um terço (135 milhões de euros) do preço dos submarinos e de abrir créditos a Israel para o restante até 2015.
Os submarinos desta classe podem permanecer submersos durante muito tempo e navegar longamente sem necessidade de reabastecerem os seus tanques de combustível. Eles podem operar visíveis ou invisíveis e têm um alcance de tiro até aos 1.500 quilómetros. Foram concebidos especialmente para operações no Mediterrâneo.
Ingenuidade alemã pouco credível
Segundo as palavras do chefe de redacção de Der Spiegel, Georg Mascolo, “uma investigação de vários meses prova que os submarinos fornecidos pela Alemanha à Marinha israelita fazem uso de equipamento para transportar armas nucleares”. Mascolo acrescenta que “funcionários alemães admitem-no agora, desde que sabem o uso que Israel faz das armas alemãs”.
Dois responsáveis políticos, o antigo secretário de Estado da Defesa Lothar Rühl e o ex-chefe do comité de planeamento Hans Rühle, assumiram mesmo em declarações a Der Spiegel que sempre tinham dado por suposto que Israel iria equipar os submarinos com armas nucleares.
O programa nuclear israelita, que nunca é comentado pelos responsáveis de Tel Aviv, é contudo conhecido pelas autoridades alemãs pela menos desde 1961, tendo sido objecto de negociações entre os dois governos pelo menos desde 1977, com o chanceler Helmut Schmidt de um lado e o então chefe da diplomacia israelita, Mosche Dayan, do outro.
Segundo o historiador militar israelita Martin van Creveld, o essencial da tecnologia que tornou Israel uma potência nuclear foi-lhe fornecido pelo Estado francês. Na Guerra de Yom Kippur, em 1973, Israel terá mesmo, segundo hipótese de van Creveld não sustentada em documentos, ameaçado a Síria com um ataque nuclear. Essa seria, segundo o historiador, a única explicação plausível para o exército sírio ter retirado os seus blindados num momento em que tinha praticamente ganha a batalha pela recuperação dos Montes Golan.

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