sábado, 29 de dezembro de 2012

História dos crimes corporativos de 2012 29/12/2012

Do Dirt Diggers Digest

Phil Mattera
Tradução livre do texto visto em REBELION.ORG Postado em NEBULOSA.DE.ORION
O crime corporativo está conosco há muito tempo, mas é possível que 2012 seja lembrado como o ano no qual multas e soluções extra-judiciais relacionadas com esses delitos começaram a ser lugar comum.
Durante os últimos 12 meses, mais de meia dúzia de empresas tiveram que aceitar multas de 10 dígitos (junto a numerosos casos de nove dígitos) para chegar a acordos extra-judiciais por acusações que vão de lavagem de dinheiro e manipulação de taxas de juros a crimes meio-ambientais e mercado ilegal de medicamentos dependentes de receitas.
O problema é não ter certeza de que essas multas elevadas sejam suficientemente punitivas, considerando que a má conduta das corporações não dão sinais de diminuição. Para ajudar a considerar este tema, publicamos uma visão geral do mau comportamento das corporações durante este ano.
SUBORNO: O escândalo de suborno mais notório do ano tem a ver com a Wal-Mart, que além de sua descarada perseguição aos sindicatos ainda tenta cultivar uma imagem super limpa. Uma grande investigação do New York Times em abril mostrou que os executivos máximos do gigantesco varejista frustrou e finalmente adiou indefinidamente uma investigação interna de consideráveis subornos pagos pela empresa a funcionários de nível inferior como parte do esforço para aumentar  cota de mercado da Wal-Mart no México. Um informe recente do Times fornece surpreendentes detalhes adicionais.
Semelhante conduta não é exclusiva da Wall-Mart. Neste ano, o gigante farmacêutico Pfizer teve que pagar 60 milhões de dólares para resolver acusações federais relacionadas com o suborno de médicos, administradores de hospitais e reguladores governamentais na Europa e Ásia. Tyco International pagou 27 milhões de dólares para resolver acusações de suborno contra várias de suas subsidiárias. Informa-se que a Avon Products está em discussões com o Departamento de Justiça dos EEUU e a Comissão de Valores [SEC] para resolver uma investigação de suborno.
LAVAGEM DE DINHEIRO E SANÇÕES ECONOMICAS: Em junho o Departamento de Justiça anunciou que o banco holandês ING pagará 619 milhões de dólares para resolver denúncias de que violou sanções econômicas dos EEUU contra países como o Irã e Cuba. No mês seguinte, um informe do Senado dos EEUU acusou o gigantesco banco HSBC de ter olhado para outro lado durante anos enquanto suas extensas operações eram utilizadas para lavagem de dinheiro por narco-traficantes e possíveis financistas de terroristas. Em agosto, o banco britânico Standard Chartered aceitou pagar 340 milhões de dólares para resolver acusações do Estado de Nova York de que havia lavado centenas de milhões de dólares em dinheiro contaminado e de que havia mentido aos reguladores sobre suas ações; neste mês aceitou pagar outros 327 milhões para resolver extra-judicialmente acusações federais. Recentemente, HSBC chegou a uma solução com as autoridades federais por lavagem de dinheiro por 1.9 bilhões de dólares.

MANIPULAÇÃO DE TAXAS DE JUROS: Este foi o ano no qual ficou claro que os bancos gigantes manipularam rotineiramente em seu beneficio o crucial índice de taxas de juros LIBOR. Em junto, Barclays aceitou pagar uns 450 milhões de dólares para solucionar acusações apresentadas pelos reguladores ianques e britânicos. UBS acaba de aprovar o pagamento de 1,5 bilhões de dólares às autoridades dos EEUU, Reino Unido e Suiça e que uma de suas subsidiárias se declare culpada de uma acusação de fraude criminosa em conexão com a manipulação da LIBOR.

PRÁTICAS DISCRIMINATÓRIAS: Em julho anunciou-se que a Wells Fargo teria que pagar 175 milhões de dólares por um acordo de conciliação por discriminar prestatários afro-estadunidenses e latinos ao conceder empréstimos hipotecários.

ENGANO DE INVESTIDORES: Em agosto, o Citigroup aceitou pagar 590 milhões de dólares num acordo de conciliação numa demanda judicial coletiva na qual se afirmou que não revelou toda sua exposição a dívidas por empréstimos hipotecários tóxicos de alto risco antes da crise financeira de 2008. No mês seguinte, o Bank of America disse que pagará 2,4 bilhões de dólares para chegar  a um acordo numa demanda judicial coletiva que o acusou de ter feito declarações falsas e enganosas durante sua aquisição da Merril Lynch durante a crise. Em novembro, JPMorgan Chase e Credit Suisse aceitaram pagar um total de 417 milhões de dólares para chegar a um acordo pelas acusações de engano da SEC na venda de valores hipotecários a investidores.

ABUSOS COM CARTÕES DE CRÉDITO:  Em outubro o gigante de cartões de crédito American Express aceitou pagar 112 milhões de dólares num acordo de conciliação por acusações de cobrança abusiva de dívidas e encargos por atraso, e marketing enganoso de seus cartões de crédito.

FRAUDE AO GOVERNO: Em março, o Departamento de Justiça dos EEUU anunciou que a Lockheed Martin pagaria 15,9 milhões de dólares para chegar a um acordo sobre denúncias de que cobrou a mais do governo federal por instrumentos utilizados nos programas de aviões militares. Em outubro, os EEUU apresentou uma demanda contra o Bank of America e o emissor de empréstimos Countrywide por uma "fraude hipotecária" entre 2007 e 2009 que custou 1,0 bilhão de dólares ao Estado no período em que conduziu a crise financeira.

CONSPIRAÇÃO NA FIXAÇÃO DE PREÇOS: Reguladores europeus impuseram recentemente o equivalente de quase 2,0 bilhões de dólares em multas às empresas eletrônicas como Panasonic, LG, Samsung e Philips por conchavo na fixação dos preços dos monitores de televisão e computadores. Anteriormente, neste mesmo ano, a empresa AU Optronics, de Taiwan, foi multada em 500 milhões de dólares por um tribunal ianque por conduta similar.

CRIMES MEIO-AMBIENTAIS: Neste ano foi estabelecido um marco legal no ajuizamento da BP pelo seu papel no acidente de perfuração do Deepwater Horizon em 2010 que matou 11 trabalhadores e derramou uma grande quantidade de petróleo cru no Golfo do México. A empresa declarou-se culpada de 11 acusações criminosas e foi condenada a pagar 4,5 bilhões de dólares em muitas outras sanções. Excluiu-se também temporariamente a BP da obtenção de novos contratos federais.

MERCADO ILEGAL: Em julho, o Departamento de Justiça dos EEUU anunciou que a gigante farmaceutica britânica GlaxoSmithKline pagaria um total de 3,0 bilhões de dólares para chegar a um acordo com a respeito a acusações sobre ocorrências criminosas e cíveis como a denúncia de que comercializou ilegalmente seus antidepressivos Paxil e Wellbutrin para propósitos não aprovados e possivelmente inseguros. A operação comercial incluiu propinas a doutores e outros profissionais da saúde. O acordo cobriu também acusações relacionadas com a falta de informação de segurança e de sobrecarga a programas federais de atenção à saúde. Em maio, Abbot Laboratories aceitou pagar 1,6 bilhões de dólares para chegar a um acordo sobre acusações de comercialização ilegal.

SONEGAÇÃO DE INFORMAÇÃO SOBRE PROBLEMAS DE SEGURANÇA: Em abril, um juiz federal ordenou a Johnson & Johnson que pagasse 1,2 bilhões de dólares depois que um júri estabeleceu que a empresa havia ocultado problemas de segurança associados a sua droga anti-psicótica Risperdal. O Departamento de Transporte dos EEUU multou a Toyota recentemente em 17 milhões de dólares por não haver notificado aos reguladores uma série de casos nos quais os tapetes das camionetes 4X4 Lexus deslizavam para fora da posição e interferiam no pedal de aceleração.

EXAGERO NA DECLARAÇÃO DE EFICÁCIA DO CONSUMO DE COMBUSTÍVEIS: Em novembro a Agencia de Proteção do Meio Ambiente dos EEUU (EPA), anunciou que a Hyundai e a Kia haviam exagerado nos valores de economia de combustível de muitos dos veículos que haviam vendido durante os últimos anos.

PRODUÇÃO ANTI-HIGIÊNICA: Um surto de meningite no início deste ano foi relacionado com seringas de esteróides contaminadas produzidas pelas farmacêuticas especializadas New England Compounding Center e Ameridose que tinham um histórico de operações em condições anti-higiênicas.

ACIDENTES FATAIS NA MÃO-DE-OBRA: A fábrica de vestimenta de Bangladesh onde um incêndio em novembro matou mais de 100 pessoas (que haviam sido trancadas por seus chefes) era um provedor das empresas ocidentais como Wal-Mart, que é tristemente célebre por pressionar seus sub-empreiteiros até o ponto de que não tenham outra alternativa que impor exigências impossíveis a seus empregados e obriga-los a trabalhar em condições perigosas.

PRÁTICAS TRABALHISTAS INJUSTAS: A Wal-Mart também cria duras condições para sua força laboral dentro dos EEUU. Quando uma nova campanha chamada OUR (nosso) Wal-Mart anunciou planos para ações pacíficas no lugar de trabalho no grande dia de compras depois do dia de Ação de Graças, a empresa se omitiu dos temas apresentados e tratou de conseguir que o Conselho Nacional de Relações Trabalhistas bloqueasse as manifestações. Outras empresas que empregaram táticas anti-sindicais como demissões forçadas e demandas concessionárias durante o ano foram a Lockheed Martin e a Caterpillar.

EVASÃO DE IMPOSTOS: Ainda que geralmente não seja tecnicamente criminosa, a evasão de impostos por parte das grandes empresas no mínimo torce tanto a lei que a torna irreconhecível. Por exemplo, em abril uma denúncia no New York Times mostrou que a Apple evita dívidas por impostos de bilhões de dólares mediante complicados truques contábeis como o "Duplo Irlandês com um Sandwich Holandês", que envolve desviar artificialmente benefícios através de diferentes paraísos fiscais.

TRABALHO FORÇADO: Em novembro, o varejista global IKEA revelou que utilizou o trabalho de presos na Alemanha Oriental nos anos oitenta.

Fuente: http://dirtdiggersdigest.org/archives/3554 
rCR
Tradução livre do texto visto em REBELION.ORG

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