quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

Delegado que saiu na VEJA falando de Lula admitiu uso de delações sem provas 19/01/2017


Cíntia Alves

Delegado Maurício Moscardi disse à Veja que as delações de Delcídio do Amaral, Sergio Machado e Nestor Cerveró "foram encaminhas à PF para instauração de inquérito, mas não foram adiante porque não havia elementos de crime". Revista não publicou conteúdo na internet para todo o público



Jornal GGN - O delegado Maurício Moscardi Grillo, claramente ressentido porque a Polícia Federal foi expulsa das negociações do Ministério Público Federal com os delatores da Odebrecht, decidiu atacar os procuradores da Lava Jato onde dói mais: no mérito das acusações apresentadas à Justiça e alardeadas na mídia.

No caso, Moscardi revelou em entrevista à VEJA, com todas as letras, que a Polícia Federal não conseguiu avançar com vários inquéritos porque os procuradores lançaram mão de delações sem provas, baseadas apenas em "disse me disse".



Moscardi citou três delatores cujas falas atingiram um leque considerável de políticos e partidos, de FHC a Lula: Sergio Machado, Delcídio do Amaral e Nestor Cerveró.

Segundo ele, são três casos que mostram que a "metodologia" empregada pelo MPF nas negociações dos acordos de cooperação são "preocupantes", pois não parecem "vantajosos para a sociedade", uma vez que livram os delatores da prisão sem garantias de que as declarações prestadas são verdadeiras.

"As delações do ex-diretor da Transpetro Sergio Machado, do ex-senador Delcídio do Amaral e de Nestor Cerveró me parecem exemplos de delações sem embasamentos jurídicos sustentáveis", disparou o delegado.

"Algumas das afirmações feitas por eles foram encaminhas à PF para instauração de inquérito, mas não foram adiante porque não havia elementos de crime", admitiu.

"Não se pode começar uma investigação simplesmente porque o colaborador diz que ficou sabendo que tal pessoa teria recebido propina. Muito do que consta nessas três delações não passa de disse me disse", concluiu.

O delegado não citou Pedro Corrêa, ex-deputado federal que ainda não teve a delação homologada pela Justiça. Suas acusações, contudo, constam no inquérito contra o ex-presidente Lula no caso triplex. Preso em Curitiba, Corrêa disse, assim como Delcídio, que Lula tinha conhecimento de todo o esquema de corrupção na Petrobras. Já por causa de Delcídio, Lula e Dilma Rousseff também são réus em Brasília por tentativa de obstrução da Lava Jato.

Nesta quinta (19), a Folha publicou uma entrevista com a procuradora da República Thaméa Danelon, colega de Deltan Dallagnol na campanha pelo pacote anticorrupção rejeitado pelo Congresso. Danelon rebateu a entrevista de Moscardi à VEJA dizendo que se ele tem denúncias para fazer contra a força-tarefa da Lava Jato, que procure os "órgãos correcionais", e não os holofotes da imprensa. Ela negou crise institucional entre MPF e PF.

A entrevista de Moscardi está na edição 2513, nas bancas desde o final de semana passado. Em seu portal na internet, VEJA só repercutiu as citações ao ex-presidente Lula sobre a força-tarefa ter perdido "o timing" para solicitar ao juiz Sergio Moro a prisão do petista. Até o fechamento desta matéria, o arquivo da revista em versão PDF também não estava disponível no acervo digital.



http://jornalggn.com.br/noticia/delegado-que-saiu-na-veja-falando-de-lula-admitiu-uso-de-delacoes-sem-provas

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