Neste domingo, numa entrevista de página inteira ao jornal El Pais (leia mais aqui), Dilma foi saudada como “la fuerte” e identificada como símbolo de uma outra economia possível – em que o crescimento vem em primeiro plano e as dívidas não são pagas com o sacrifício do povo. Dilma foi entrevistada pelo próprio presidente do grupo Prisa, Juan Cebrián, que edita o El Pais. Coincidentemente, Cebrián também concedeu uma entrevista ao jornal O Globo, publicada hoje, em que definiu a política de Angela Merkel como “letal”. Um caminho para o suicídio.
Com uma nova mensagem econômica, Dilma pode se aproveitar de um vácuo na cena internacional. Na Europa, esperava-se que o papel de contraponto a Angela Merkel fosse ocupado pelo socialista François Hollande, eleito presidente da França, mas que, até agora, não teve coragem para mudar. Ao contrário, seguiu o mesmo receituário, elevou impostos e foi premiado, neste fim de semana, com uma capa da revista The Economist, apontando a França como a próxima bomba-relógio da Europa, continente preso à lógica perversa da recessão seguida de arrocho, que gera mais recessão e mais arrocho num ciclo vicioso sem fim.
A oportunidade que se abre para o Brasil é semelhante à de 2010, quando, numa reunião do G-20, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, saudou o ex-presidente Lula como “o cara”. De todas as 20 nações mais ricas do mundo, o Brasil foi a que mais rapidamente se recuperou da crise econômica de 2008, apostando em políticas anticíclicas, ou seja, em estímulos ao investimento e em cortes de impostos para o setor privado.
Dilma ainda não havia encontrado um espaço tão favorável na cena internacional como agora, nesta viagem à Espanha. No seu primeiro encontro com Angela Merkel, a química entre as duas não foi exatamente perfeita. A chanceler alemã reclamou de ter recebido conselhos, em sua própria casa, de uma líder de uma nação em desenvolvimento. O mesmo ocorreu no encontro mais recente entre Dilma e Obama.
A questão é que a mensagem de Dilma, mesmo que não seja a que os líderes mundiais querem ouvir, cada vez mais é a que os povos europeus buscam escutar. E uma avenida acaba de se abrir para Dilma – e também para o Brasil.
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