Os próximos inimigos enfrentados com determinação pela presidente foram os spreads dos bancos, públicos e privados, e em seguida os juros dos cartões de crédito, pelos quais anunciou "não descansar" enquanto as administradoras não os reduzissem. Hoje, Dilma avança na cruzada pela redução do chamado Custo Brasil e abre fogo contra a tarifa de energia elétrica, insumo indispensável no dia a dia do cidadão.
A promessa para diminuir a conta de luz de consumidores e empresas no próximo ano foi feita em setembro pela própria presidente, em rede nacional, e será colocada em prática por meio da Medida Provisória 579. Para que a promessa seja cumprida já a partir de janeiro, portanto, o governo federal tem de encarar com persistência as empresas do setor, que afirmam ter perdas com a medida, e conseguir com rapidez a aprovação da MP no Congresso Nacional.
Queda na bolsa
As ações na bolsa e o valor de mercado da Eletrobras têm sofrido quedas constantes. Como lembra Miriam Leitão em artigo publicado nesta terça-feira, "a empresa já não vinha tendo bons resultados operacionais, mas o que realmente azedou a relação com os investidores foi a MP 579 que, para reduzir o valor da conta de luz de consumidores e empresas, mexe com a rentabilidade das companhias do setor elétrico".
A colunista traz à tona alguns números que ilustram o humor dos investidores do principal grupo de energia do País e sua situação no mercado: as ações da Eletrobras caíram 12% na sexta-feira e 15% nesta segunda-feira. Em todo o mês, a queda foi de 40% e, no ano, de 60%. "No início do ano, o valor de mercado da Eletrobras era de R$ 26 bilhões. Ontem, fechou em R$ 11,3 bilhões", informa o artigo.
Lobby contra Dilma
Na opinião do ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu, existe uma atuação conjunta da mídia e da oposição a favor das elétricas e contra o plano de Dilma pela redução das tarifas de energia. "A cada dia fica mais evidente que as empresas concessionárias de energia elétrica estão mesmo dispostas a mover uma guerra ao governo contra o valor das indenizações das usinas e contra a baixa da tarifa determinada pelo governo Dilma Rousseff", escreveu Dirceu, em artigo publicado em seu blog nesta segunda-feira.
"Nestes pleitos as elétricas contam com inteiro e solidário apoio da imprensa que dá em manchetes que os investimentos no setor estão ameaçados", continua o ex-ministro. O petista dá como exemplo editorial do jornal O Estado de S.Paulo do último sábado, intitulado "Escuridão na política energética". Dirceu também cita o senador Aécio Neves (PSDB-MG), que "muito discretamente", agirá para que a MP não seja aprovada. O "pretexto", segundo o artigo, seria o prejuízo a ser sofrido pela estatal mineira CEMIG diante da ação do governo.
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