segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Kuwait: polícia usa gás lacrimogénio para dispersar manifestação 05/11/2012

As forças de segurança do Kuwait dispararam gás lacrimogéneo para dispersar uma manifestação proibida que juntou dois mil apoiantes da oposição. Protestavam contra as novas regras de votação, encomendadas pelo Emir, para as eleições parlamentares que terão lugar a 1 de Dezembro.
Os manifestantes reuniram-se de um dos lados da auto-estrada do sul, bloqueando-a e mantendo uma certa de distância em relação ao centro da cidade do Kuwait. Mas as forças de segurança deslocaram-se para aí, dispersando a multidão com violência e usando gás lacrimogéneo. Foto Raed Qutena/EPA/LUSA.
Os manifestantes reuniram-se de um dos lados da auto-estrada do sul, bloqueando-a e mantendo uma certa de distância em relação ao centro da cidade do Kuwait. Mas as forças de segurança deslocaram-se para aí, dispersando a multidão com violência e usando gás lacrimogéneo. Foto Raed Qutena/EPA/LUSA.
O Kuwait, um aliado dos EUA e membro da Organização dos Países Exportadores de Petróleo, tem até agora evitado a agitação pró-democracia de massas que desencadeou processos revolucionários e derrubou governantes em quatro países árabes desde o ano passado, na chamada Primavera Árabe. Mas a tensão tem vindo a crescer, intensificando-se a disputa pelo poder entre o Parlamento e o Governo, que é dominado pela família governante al-Sabah.
Este domingo, no centro da cidade do Kuwait, centenas de policiais já esperavam os manifestantes, aumentando os temores de uma repetição dos confrontos que tiveram lugar no mês passado, entre a polícia e milhares de manifestantes, que terminaram com pelo menos 130 pessoas hospitalizadas.
Os manifestantes, 2 mil pessoas, reuniram-se de um dos lados da auto-estrada do sul, bloqueando-a e mantendo uma certa de distância em relação ao centro da cidade. Mas as forças de segurança deslocaram-se para aí, dispersando a multidão com violência e usando gás lacrimogéneo.
"O nosso dever é manter a segurança interna e a ordem pública, para impedir a ilegalidade em todas as suas formas", afirmou o ministro do Interior, Sheikh Ahmad al-Hamoud al-Sabah, segundo a agência estatal Kuna, citada pelo The Guardian.
Mas os ativistas mantêm-se firmes: "Nós vamos continuar. A oposição já não se preocupa com as declarações do governo", disse um manifestante que não quis ser identificado.
Ainda no domingo a noite, o Emir Sheikh Sabah al-Ahmad al-Sabah reuniu com quatro figuras da oposição, incluindo dois ex-deputados islâmico, encenando um esforço de mediação com vista a acabar com o impasse e acalmar os protestos.
Em Dezembro decorrerão as segundas eleições legislativas deste ano
As eleições legislativas do próximo mês serão já as segundas neste ano, depois de um bloco de oposição composto por islamitas, liberais e líderes tribais ter conquistado a maioria nas votações de Fevereiro.
O parlamento acabou efetivamente dissolvido em Junho, por via de uma decisão judicial que restabeleceu uma assembleia mais pró-governo. Contudo, um boicote dos legisladores levou a outra dissolução e a um impasse, conducente à marcação de novas eleições pelo Emir Sheikh Sabah al-Ahmad al-Sabah.
Entretanto, no mês passado, o Emir anunciou mudanças na lei eleitoral que alguns políticos de oposição consideram ser uma tentativa para dar vantagem aos candidatos pró-governo e "um golpe contra a Constituição" (com as mudanças, os eleitores apenas escolhem um candidato por distrito eleitoral). E por isso, os líderes da oposição já disseram que irão boicotar as eleições de Dezembro e convocar mais manifestações.
Este domingo, o índice do mercado bolsista no Kuwait caiu para o nível mais baixo desde julho de 2004, de acordo com dados da Reuters.
O Kuwait tem um parlamento eleito com poderes legislativos. No entanto, o Emir de 83 anos de idade, tem a palavra final em assuntos de Estado e sugere o primeiro-ministro, que por sua vez seleciona para o seu gabinete importantes membros da família governante.

Esquerda.Net

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