Do Estadão
ARIEL PALACIOS
Com legislação bancada por Cristina contra imprensa crítica,
Argentina corre risco de ver explosão na oferta de licenças de rádio e
de televisão
A aplicação total da lei de mídia a partir da meia-noite de
sexta-feira deve inundar o mercado de mídia da Argentina com 330
concessões de emissoras de televisão e rádio em todo o país. Esse é o
número aproximado de licenças que 21 grupos de mídia da Argentina terão
de vender nos próximos meses para estares adequados às normas da Lei de
Mídia, que permite um número máximo de 24 licenças por empresa.
O grupo mais atingido seria o Clarín (mais informações nesta página),
a maior holding multimídia da Argentina, que teria de ceder, transferir
ou vender de 150 a 200 licenças, além dos edifícios e equipamentos onde
estão suas emissoras.
Esses bens e licenças deverão passar a sociedades diferentes às quais
pertencem atualmente. Segundo Martín Sabbatella, presidente da
Autoridade Federal de Serviços de Comunicação Audiovisual (Afsca), os
donos das empresas poderão dividir os grupos de mídia entre parentes e
ex-sócios. Mas cada caso seria analisado durante vários meses pela
Afsca, entidade encarregada de aplicar a Lei de Mídia.
O governo afirma, com ironia, que os donos do Grupo Clarín poderão
repassar as empresas da holding aos filhos. Mas os analistas afirmam que
dificilmente o governo autorizaria a passagem das empresas do grupo
para os parentes.
Ontem, pelo Diário Oficial, o governo de Cristina Kirchner
estabeleceu as formas sobre como essa venda em massa terá de ser
administrada. A Resolução 2.206/12 indica que, no caso de as empresas
não acatarem a lei, o governo determinará por conta própria o preço das
licenças e empresas que serão vendidas.
O Grupo Clarín afirma que continuará lutando na Justiça para impedir a
aplicação da Lei de Mídia, que considera inconstitucional.
A resolução também determina que, enquanto a empresa não for
revendida, seus proprietários não poderão reduzir salários nem demitir
funcionários. Neste caso, sem dar detalhes, a Afsca indica que "tomará
as medidas necessárias" para garantir a regularidade e continuidade do
serviço.
O governo Kirchner confirmou que no domingo a Casa Rosada realizará
um festival musical para celebrar os "sucessos" deste ano, incluindo a
virtual aplicação total da Lei de Mídia.
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