O ministro da Defesa, Diego Molero, jurou fidelidade ao presidente, que reiniciará tratamento em Havana
Em um dia marcado por declarações de apoio a Hugo Chávez, dentro e fora da Venezuela, a mais contundente veio das Forças Armadas do país, que juraram lealdade ao presidente -- um ex-tenente coronel de paraquedistas. O alto comando militar venezuelano jurou garantir "com nossa própria vida a pátria socialista" no período em que o chefe de Estado estiver em Havana, onde será operado após o reaparecimento de um câncer.
"Reiteramos que somos fiéis à sua pessoa, à revolução e ao povo", afirmou o ministro da Defesa, almirante Diego Molero, por meio de um comunicado divulgado neste domingo (09/12). "De joelhos na terra pelo senhor, meu Comandante Presidente!", enfatizou o militar.
Desde o golpe de Estado contra Chávez, em abril de 1992, a Venezuela convive com o temor de novas tentativas de derrubada do presidente. Com o anúncio de que células cancerígenas surgiram em exames e que, caso Chávez seja impossibilitado de exercer a presidência, seu sucessor seria o chanceler e vice-presidente Nicolás Maduro como seu antecessor, o receio de que a institucionalidade no país possa ser abalada ressurgiu.
"A pátria que o senhor despertou e construiu em tão curto tempo não se perderá em nossas mãos, pois a Força Armada Nacional Bolivariana é do povo para o povo", continuou Molero. "É conhecido o profundo respeito e admiração dos soldados de (Simón) Bolívar pela sua pessoa, além do nosso apego à sua filosofia."
Sucessão
Os venezuelanos foram surpreendidos neste sábado (08/12) com a notícia de que Chávez precisará retornar a Havana para uma nova cirurgia. Reeleito em 7 de outubro, o presidente desenhou um panorama no qual incluiu a possibilidade de que ele não possar terminar o atual mandato e, inclusive, não assuma o novo mandato que começa em 10 de janeiro.
"Se, como diz a Constituição, ocorrer algo que me inabilite para continuar no comando da Presidência, seja para terminar os poucos dias restantes e, especialmente, para levar o novo período, (...) Nicolás Maduro deve concluir o período (presidencial)", disse.
Chávez pediu à população eleger a Nicolás Maduro como novo presidente caso ele não assuma o novo mandato e novas eleições tenham de ser convocadas. "Minha opinião firme, plena como a lua cheia, irrevogável absoluta, total, é que nesse cenário que obrigaria a convocação de eleições presidenciais vocês o elejam como presidente", continuou Chávez, acompanhado pelo núcleo central de seu gabinete e pelo presidente do Parlamento.
Segundo Chávez, a nova intervenção deverá ser realizada nos próximos dias. O presidente admitiu que toda operação "apresenta riscos" e lamentou o retorno do câncer. “Me dá muita dor na verdade que esta situação cause dor, cause angústia a milhões de vocês”, afirmou. “Aconteça o que acontecer vamos continuar tendo pátria”, disse e pediu aos “patriotas” da Venezuela: “Unidade, unidade, unidade”.
O pronunciamento acontece às vésperas das eleições regionais na Venezuela, marcadas para 16 de dezembro.
Repercussão
O presidente da Assembleia Nacional, Diosdado Cabello, convocou apoio ao presidente após o anúncio do ressurgimento do câncer e pediu que a oposição tenha respeito. Ele, que também é vice-presidente do PSUV (Partido Socialista Unido da Venezuela), disse que tem "muita fé e esperança de que o presidente vai sair dessa situação".
O secretário-geral da MUD (Mesa da Unidade Democrática), Ramón Guillermo Aveledo, disse em entrevista à emissora venezuelana Globovisión que a oposição é uma alternativa "oportuna" caso novas eleições tenham de ser convocadas no país. "Somos uma alternativa séria e preparada para cumprir com sua responsabilidade. A Constituição nos dá segurança para seguir adiante", afirmou.
Houve reações também fora da Venezuela ao anúncio de Chávez. O chanceler equatoriano, Ricardo Patiño, enviou "um imenso abraço solidário" ao presidente, escreveu em sua conta no Twitter. O chefe da diplomacia do Equador informou que conversou com Maduro e "lhe transmitiu saudações de milhares de equatorianos ao presidente Chávez."
Em Havana, o líder da equipe de negociação pela paz das FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), Iván Márquez, prestou solidariedade ao mandatário venezuelano "nesta encruzilhada de sua vida". "Fazemos votos pela rápida recuperação do comandante bolivariano. Saúde e vida longa ao presidente Chávez", afirmou o guerrilheiro. A participação de Chávez foi considerada fundamental para o início do diálogo entre as FARC e o presidente colombiano, Juan Manuel Santos.
O governo mexicano também enviou uma mensagem de apoio ao presidente venezuelano. No comunicado, o presidente Enrique Peña Nieto “manifesta os melhores desejos pelo êxito da operação, assim como a plena recuperação" de Chávez. O presidente chileno, Sebastián Piñera, escreveu em sua conta no Twitter: “Frente à recaída da doença do presidente @chavezcandanga, lhe desejo muita fé, força (..) Convoco uma cadeia de oração na América Latina para pedir sua recuperação", disse, completando "Fé e força, @chavezcandanga. O senhor é a alma e a esperança dos povos oprimidos da América".
O presidente boliviano, Evo Morales, também enviou uma mensagem ao colega. "Em nome do povo boliviano, queremos expressar nossa solidariedade, nossa admiração, nosso respeito e carinho ao presidente irmão. Estamos e estaremos sempre, presidente e povo venezuelano, com vocês", afirmou Morales em Barcelona, onde está em visita oficial. "Hugo Chávez venceu tantas batalhas, batalhas ideológicas, econômicas, batalhas eleitorais e também venceu a primeira parte de sua batalha pela vida. Essa é uma nova batalha pela vida e será também vencida, como tantas vezes".
* Com informações da VTV, TeleSur e Agência Efe
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