quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Após cessar-fogo entrar em vigor, autoridades pedem paz duradoura em Gaza 22/11/2012

Documento assinado nesta quarta-feira prevê novas negociações nos próximos dias

Em declarações posteriores ao anúncio do cessar-fogo estabelecido nesta quarta-feira (21/11), autoridades israelenses e palestinas confirmaram a validade do acordo e pediram avanços nas próximas negociações. A trégua foi implementada às 21h (horário local) e centenas de palestinos tomaram as ruas da Faixa de Gaza para comemorar o fim dos bombardeios, que tiveram início na última quarta-feira (14/11).

Desde o início do conflito, autoridades egípcias tentaram mediar uma solução com representantes do governo de Israel e da organização palestina Hamas. Depois de algumas propostas terem sido rejeitadas pelos oficiais israelenses, ambas as partes aceitaram nesta quarta (21/11) o texto elaborado pelo Egito, que estabelece o fim de todas as hostilidades.

Agência Efe

Soldados israelenses assistem ao anúncio de cessar-foto em Gaza; palestinos saíram às ruas para comemorar


Israel aceitou a obrigação de encerrar incursões e ataques no território palestino, mas não de finalizar outras iniciativas na Faixa de Gaza e na Cisjordânia. Em contrapartida, grupos de resistência armada palestinos também devem parar de lançar projéteis em direção a Israel e de realizar ataques nas fronteiras.

De acordo com o texto divulgado pela presidência egípcia, o país assumiu a responsabilidade de verificar o cumprimento do acordo e “deve receber garantias de todas as partes de que cada uma se compromete com o que foi estabelecido”.

Ao lado da secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, o ministro das Relações Exteriores egípcio, Mohammed Kamel Amr, anunciou o estabelecimento do cessar-fogo. “O Egito abriu contatos com todas as facções palestinas, com Israel e com os Estados Unidos, e esses esforços levaram a um acordo para o cessar-fogo e a volta à tranquilidade", disse ele em conferência no palácio presidencial no Cairo.

O papel desenvolvido pelo Egito foi reconhecido pelas autoridades norte-americanas. Em comunicado, a Casa Branca afirmou que o presidente Barack Obama agradeceu o presidente egípcio, Mohamed Mursi, pelo seu desempenho e reiterou a parceria e colaboração entre os países. “O novo governo do Egito está assumindo um papel de responsabilidade e liderança que há muito tempo faz esse país ser uma pedra angular de estabilidade e paz regional”, disse Clinton.

Tanto Amr commo Clinton destacaram que o acordo anunciado hoje deve ser o primeiro passo para uma paz duradoura na região. O documento assinado prevê, inclusive, negociações entre israelenses e palestinos a partir desta quinta-feira, 24 horas após o cessar-fogo.

Israel

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, também agradeceu aos oficiais egípcios pela mediação. Em discurso de reconhecimento do acordo, o premiê acusou o Irã de armar o Hamas e afirmou que os EUA concordaram que mais deve ser feito para impedir a transferência do material bélico.

Agência Efe

Ao confirmar o estabelecimento de um cessar-fogo, o primeiro-ministro disse que seu governo é "responsável"


“Eu sei que muitos esperavam uma resposta militar mais intensa ao lançamento de foguetes pelos palestinos, e isso pode ser necessário, mas, neste momento, a melhor coisa para Israel é pegar essa oportunidade a fim de atingir um cessar-fogo de longo prazo”, afirmou. “Isso é o que um governo responsável faz”, acrescentou ele.

Netanyahu foi acusado de ter utilizado a operação militar na Faixa de Gaza como forma de angariar votos para as próximas eleições legislativas, que acontecem em janeiro de 2013. “Estou orgulhoso de ser o seu primeiro-ministro”, disse ele aos cidadãos israelenses.

Durante seu discurso, o premiê reiterou a argumentação utilizada ao longo dos sete dias de ofensiva militar de que Israel está se defendendo dos foguetes disparados por organizações palestinas e disse que “a vida dos israelenses deve voltar ao normal”.

Hamas

O líder do Hamas, organização que administra a Faixa de Gaza depois de eleições democráticas em 2006, disse que os palestinos venceram depois de sete dias de luta. Khaled Meshaal descreveu o ataque israelense como “uma agressão despresível contra o povo de Gaza” que matou mais de 140 pessoas.

“Nós tínhamos que reagir”, disse ele se referindo ao lançamento de projeteis no território israelense. “Eu não posso negar que as forças de Israel fizeram muito. Nós não podemos contar quantos edifícios eles destruíram em Gaza; essa foi sua conquista”, acrescentou. Para Meshaal, a operação israelense foi motivada pelas próximas eleições legislativas.
O líder palestino ainda agradeceu ao governo egípcio e disse que a tentativa de Israel de testar as novas autoridades do país árabe falhou. “A conspiração de Israel acabou”, concluiu ele. Meshaal também explicou que qualquer atentado da Faixa de Gaza contra Israel será da responsabilidade do Hamas.

Bloqueio continua

O fim do bloqueio israelense à Faixa de Gaza não está entre os termos, como havia exigido o Hamas em sua proposta inicial. Forças israelenses controlam as entradas aéreas, terrestres e marítimas da Faixa de Gaza, impedindo a entrada de diversos produtos. As restrições impostas aos moradores do território palestino incluem itens militares, alimentos, vestimentas, utensílios de cozinha e materiais de construção.

Por conta do bloqueio, cerca de 75% dos edifícios do território palestino danificados na investida militar israelense de 2009 ainda não foram reconstruídos, afirmou uma pesquisa das Nações Unidas de setembro deste ano.

Histórico

Em oito dias de conflitos, ao menos 147 palestinos foram mortos, sendo que mais da metade deles era civil. Do lado israelense, foram confirmadas cinco mortes. Apenas nesta quarta-feira (21/11), Israel bombardeou 120 alvos, de acordo com o Ministério de Segurança Interna do Hamas. A partir de Gaza, foram lançados 81 foguetes contra Israel.

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