quarta-feira, 4 de janeiro de 2017

Capitalismo, Corrupção, Fascismo 04/01/2017




Imagem retirada do blog http://ideiasembalsamadas.blogspot.com.br/

Por Franklin Cunha

A prosperidade proporcionada pelo capitalismo na versão neoliberal incorporou no imaginário de todas as classes sociais um conjunto de conceitos próprios das ideias conservadoras como os valores da família patriarcal, a obediência às leis e à ordem vigentes, o culto ao individualismo, o valor do trabalho metódico e, como complemento, a alienação à política. A estratégia neoliberal encaixada por marteladas midiáticas no subjetivismo dos setores sociais de baixa renda, construiu reflexamente o pensamento de que “ aceitamos totalmente a lógica do capital, tão poderosa que com ela não podermos nem devemos nos meter”.

Resulta que hoje as crises financeiras mundial e nacional criaram uma situação social de governabilidade que tenta legitimar as políticas de cortes nos gastos sociais, na assistência à saúde, nos investimentos culturais e científicos, no estabelecimento de aposentadorias tardias, de maior jornada de trabalho e de diminuição de salários. Em outras palavras, trata-se do desmantelamento do Estado de Bem Estar Social, criado e executado pelo liberalismo econômico após a segunda guerra, para combater as ideias socialistas e os regimes comunistas em ascensão em todo o mundo. Este é um fato histórico objetivo e real resultante da lógica do capital, que incluía mesmo tentativas de distribuição da riqueza dentro dos limites aceitáveis para o sistema, mas que com o desenrolar dos acontecimentos, as crises estruturais e inevitáveis do capitalismo desembocaram, como sempre, na corrupção, que comove tanto a classe média a qual apavorada diante das perdas sociais e econômicas aceita e colabora ativamente na erupção de regimes de força de perfil tipicamente fascista.

Enfim, alguns analistas políticos e certos magistrados, fartamente midiatizados, se sentem decepcionados com o capitalismo neoliberal, mas, na realidade, o que sofrem é uma desilusão com o entusiasmo ético-político, que não tem espaço no capitalismo “ normal “, o qual não respira nem sobrevive sem o oxigênio da corrupção endêmica que o alenta e lhe dá sobrevida.

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Franklin Cunha é médico, membro da Academia Rio-Grandense de Letras.



http://www.sul21.com.br/jornal/capitalismo-corrupcao-fascismo/

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